sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Recesso de Fim de Ano


O Conselho da Comunidade na Execução Penal da Comarca de Foz do Iguaçu entrou em recesso no dia 16 de dezembro ao dia 06 de Janeiro. Voltamos a labuta no dia 09 de Janeiro com expediente normal.

Merecido descanso depois de um ano tão cheio de atividades.

Desejamos à todos um Natal abençoado e um Ano Novo próspero e cheio de felicidade e saúde..

FELIZ 2012!!!



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Paraná tem duas entre as cinco cidades mais violentas do país

Tragédia social



Paraná tem duas entre as cinco cidades mais violentas do país

Assassinatos aumentaram 259% em 30 anos no Brasil. No Paraná, Campina Grande do Sul e Guaíra tiveram as maiores médias de homicídios entre 2008 e 2010

Um milhão e cem mil brasileiros foram assassinados nos últimos 30 anos, o equivalente às populações de Londrina, Maringá e Guarapuava somadas. Os homicídios passaram de 13,9 mil, em 1980, para 49,9 mil, no ano passado, um aumento de 259%. No período, a taxa variou de 11,7 para 26,2 assassinatos a cada grupo de 100 mil habitantes.

Só no ano passado ocorreram 50 mil homicídios no país, média de 137 por dia. O Paraná é o nono estado mais violento do país e tem duas cidades - Campina Grande do Sul e Guaíra - entre as cinco mais violentas. Curitiba ocupa a sexta posição entre as capitais, com taxa de 55,9 homicídios por 100 mil habitantes.

Paraná tem duas entre as cinco cidades mais violentas do país - Paz Sem Voz é Medo - Gazeta do Povo

15/12/2011 00:01 Diego Antonelli - Da sucursal, especial para a Gazeta do Povo

Presos da Colônia Penal recebem certificados de cursos profissionalizantes

 
Oitenta e sete presos do regime semiaberto da Colônia Penal Agroindustrial do Estado, em Piraquara, receberam nesta quarta-feira (14) certificados de profissionais no ramo da construção civil. Eles concluíram cursos de dois meses nas áreas de carpinteiro, pedreiro, encanador e eletricista, realizados por meio de uma parceria entre a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).


Durante a solenidade, o Sinduscon anunciou que os alunos terão trabalho praticamente garantido quando ganharem a liberdade. Os presos também foram comunicados que já estão cadastrados em empresas de recursos humanos presentes no evento.

O presidente do Sinduscom, Normando Antonio Baú, lembrou que o mercado da construção civil está aquecido. Segundo ele, existe a previsão de abertura de 7 mil novas vagas de trabalho na área em 2012.

A secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, garantiu que os cursos terão continuidade. De acordo com ela, novas turmas para 100 alunos serão abertas não só na Colônia Penal, mas também em outras unidades do sistema penitenciário do Paraná. O próximo grupo começará as aulas práticas e teóricas em março de 2012.


A secretária também anunciou, em nome do governador Beto Richa, que será viabilizada a abertura de frentes de trabalho para presos nas obras da Copa do Mundo de 2014 no Paraná.

RESSOCIALIZAÇÃO – O trabalho da secretaria está focado na ressocialização do apenado dentro de uma cultura de paz. Para dar andamento a ações nesse sentido, Maria Tereza Gomes anunciou oficialmente o inicio do PDI-Cidadania/DEPEN – Programa de Desenvolvimento Integrado, que faz parte do Plano Diretor do Sistema Penal da pasta.

“Com esse programa, almejamos transformar as prisões em escolas de capacitação profissional. O objetivo é que elas contribuam com a promoção da cultura da paz por meio da criação de observatórios de conhecimento como os de gestão prisional, práticas de sustentabilidade, saúde mental e núcleo de práticas jurídicas, além de centrais de resíduos sólidos, canteiros produtivos de trabalho, associações de proteção e assistência aos condenados, cooperativas de trabalho de apenados e egressos, arranjos produtivos locais, consórcios e parcerias público-privadas”, afirmou.
 
Fonte e Foto: AEN

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

PR estabelece metas para reduzir homicídios até 2015

Segurança pública

PR estabelece metas para reduzir homicídios até 2015

Até 2015, o governo estadual quer diminuir o número de mortes em cerca de um terço, igualando os índices do estado aos do Brasil.


A partir do próximo ano, cada uma das 23 Áreas Integradas de Segurança Pública do Paraná (Aisp’s) – divisão geográfica que reú­­ne municípios em diferentes regiões do estado – terá de cumprir metas específicas de redução na taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes.

Apesar de ainda não divulgar quais serão os índices para cada região, a Secretaria de Es­­tado da Segu­ran­ça Pública (Sesp) afirma que pretende fechar 2015 com uma taxa de 21,5 mortes por 100 mil/habitantes no Paraná, nú­­mero 29% menor que o observado no ano passado, de 30,4 homicídios por 100 mil/habitantes.

O plano de metas envolvendo indicadores de criminalidade, já presente em estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro, foi anunciado ontem de manhã durante encontro com oficiais da Polícia Militar e autoridades da Polícia Civil, no Palácio das Araucárias, na capital. A medida prevê uma redução gradual nos próximos quatro anos, que deve ser viabilizada por uma série de ações do programa Paraná Seguro. Além das metas para as Aisp’s, o plano também estabelece reduções específicas para Curitiba, que será subdividida em 13 áreas.



Leia mais: PR estabelece metas para reduzir homicídios até 2015 - Paz Sem Voz é Medo - Gazeta do Povo

Fonte: Gazeta do Povo
14/12/2011 00:01 Rafael Waltrick

Em 11 anos, taxa de homicídios no Paraná aumenta 86%

A taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes no Paraná aumentou 86% entre 2000 e 2010. O crescimento fez com que o Paraná subisse da 16ª para a 9ª posição no ranking dos estados com maior índice de homicídios. Acompanhando a tendência estadual, o índice em Curitiba subiu 113,2% no mesmo período. Com isso, a cidade subiu de 20º para 6ª colocada na lista das capitais com mais homicídios por 100 mil habitantes.

No Paraná, a taxa de homicídios cresceu de 18,5 para cada 100 mil habitantes em 2000 para 35,1 em 2009, quando atingiu o maior índice. A queda para 34,4 em 2010 não foi suficiente para evitar a subida de sete posições no ranking divulgado no Mapa da Violência 2012 pelo Instituto Sangari. Os estados que lideram o ranking são Alagoas, com 66,8 homicídios por 100 mil habitantes, Espírito Santo, com 50,1, e Pará, 45,9. Pernambuco, que aparecia na primeira posição em 2000 com uma taxa de 54 homicídios, reduziu o número para 38,8 e ocupa o quarto lugar. Na sequência aparecem Amapá (38,7), Paraíba (38,6), Bahia (37,7), Rondônia (34,6), Paraná (34,4) e Distrito Federal (34,2).


Leia mais: Em-11-anos-taxa-de-homicidios-no-Parana-aumenta-86


Fonte: Gazeta do Povo
1314/12/2011 17:27
Vitor Geron e Felippe Aníbal

Presos do regime semi-aberto constroem casas populares

Durante o período em que teriam direito a deixar a unidade, presos recebem formação
Atualmente onze detentos trabalham na construção de casas do loteamento Lagoa Dourada; número pode ser elevado para 35.
 
Desde a semana passada, onze presos da Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu II (PEFI II, antigo CDR) têm uma nova oportunidade de ressocialização e profissionalização. Sob a supervisão de engenheiros, eles estão trabalhando na construção de casas populares do loteamento Lagoa Dourada, na região nordeste da cidade. A iniciativa, fruto de convênio entre a Secretaria de Estado da Justiça (SEJU) e a prefeitura, por meio do FozHabita, será estendida a 35 internos.
 
 
Fonte e Foto: Gazeta do Iguaçu
Reportagem: Nelson Figueira
Foto: Robson Meireles

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Editora doa 25 mil livros didáticos p/ o sistema penitenciário do PR


A Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos recebeu nesta segunda-feira (12) 25 mil livros didáticos doados pela editora Base Editorial. O material será destinado à educação formal (ensinos fundamental e médio) nas 24 unidades penais do Estado, que atualmente contam com cerca de 15 mil apenados.

Durante a solenidade de doação, realizada no Departamento Penitenciário do Estado, em Curitiba, a secretária Maria Tereza Uille Gomes destacou a “simbologia histórica” da iniciativa do empresário Renato Adur, sócio-proprietário da Base. “Foi um ato de grande importância, que vai possibilitar e aprimorar conhecimentos, estimulando a cultura da paz e dizendo não à violência”, afirmou.

“Educação é uma ferramenta fundamental para mudar o quadro de analfabetismo nas prisões e pode ser a mola propulsora para que não exista reincidência, reduzindo também a desigualdade social. Temos hoje mais de 800 analfabetos nas prisões do Paraná. Mas a meta é que, até o fim da nossa gestão, tenhamos 100% dos presos estudando e trabalhando”, disse Maria Tereza.

A Secretaria da Educação coloca à disposição do sistema penal 270 professores, mas a secretária está pleiteando que mais 100 sejam cedidos para atender a população carcerária. “Não basta apenas construir novos presídios ou reformar os já existentes. Não adianta ter cárcere com ociosidade”, disse.

Renato Adur frisou que para a editora, fundada há 16 anos em Curitiba, esta é uma ação de responsabilidade social. Segundo ele, o responsável pela ideia da doação foi o presidente do Conselho Penitenciário do Paraná, Dálio Zippin, durante uma conversa informal entre ambos.

O corregedor das penitenciárias do Paraná, Joran Pinto Ribeiro, lembrou de um acontecimento que, segundo ele, ilustra a importância da educação para uma vida mais digna: “’Nunca mais vou pegar ônibus errado’, me disse um preso de mais de 65 anos, que recentemente concluiu a primeira fase do ensino fundamental numa unidade penitenciária do Estado”.

Os livros doados serão distribuídos ao Sistema Penitenciário do Estado pela Escola de Educação em Direitos Humanos da Secretaria da Justiça. A escola é responsável pelo desenvolvimento do Programa de Escolarização de Presos, executado pelos Centros Estaduais de Educação Básica de Jovens e Adultos, da Secretaria da Educação.
 
Fonte e Foto: AEN

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Projeto itinerante Cine Tela Brasil exibiu filmes atrás das grades

Cinema dentro do presídio tem gosto da rua’, afirmam detentos

Presos ainda participaram de bate-papo com José Mojica, o Zé do Caixão.

Capela da penitenciária ganha telão e cortinas pretas . Nem só de banho de sol e partidas de futebol vive o lazer dos detentos da Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos. Pela segunda vez, o projeto de cinema itinerante idealizado pelos diretores do longa “O Bicho de sete cabeças”, Laís Bodansky e Luiz Bolognesi, o Cine Tela Brasil, adaptou sua tenda ao espaço que abriga a capela do presídio.

Divididos em grupos de 250, os detentos assistiram aos filmes “Lisbela e o prisioneiro”, “Quincas Berro D´água” e o “Bem Amado”. O evento ocorreu pela primeira vez em 2010, e faz parte de uma parceria entre a diretora e Jayme Garcia dos Santos Junior, juíz da corregedoria de Guarulhos.

“Nosso projeto preconiza levar o cinema a quem não tem acesso. No ano passado, recebemos esse convite e achamos sensacional. Casava perfeitamente o objetivo do Cine Tela. Renovamos a parceria agora em 2011”, explica Laís. Além de oferecer a estrutura, a cineasta participa da escolha dos filmes. A proposta é exibir longas de sucessos nacionais, que tenham um enredo alegre, divertido.

Embora evitem temas que retratem a violência, não há censura na seleção. Jayme comenta que muitos detentos pedem para assistir ao filme "Carandiru", de Hector Babenco. O desejo pode ser realizado em 2012, se a parceria for renovada.

“Não vejo problema nenhum em acatarmos esse desejo. Não é uma realidade que eles desconheçam. Acho até muito útil abordar esses temas.”

Sem milho

A segunda edição, apesar do sucesso de público, deixou a desejar por uma única razão: desta vez, não teve pipoca. “No ano passado, comemos até pipoca. Lá dentro, esquecemos que estamos presos. O cinema, na prisão, tem gosto da liberdade, da rua. Aproxima do mundo lá fora", acredita Davi Douglas de Souza Judice, 32.

Durante a sessão, ele recordou os finais de semana em que ia ao shopping acompanhado pela esposa e filho primogênito. “Pra ser igual ao que eu vivia quando era livre, só faltava comer em uma lanchonete americana na saída”, brinca.

Preso há cinco anos e quatro meses, o projeto permite um dia lúdico na sentença do rapaz. Para ele, tal benefício simboliza uma possível revolução dentro da estrutura carcerária do país. Quanto maior o envolvimento em trabalhos manuais, leitura e produção artística – Davi já escreveu dois livros dentro da prisão e também é músico – menos privado o rapaz se sente.

“Tento ser o detento menos preso aqui dentro. Passar o dia ocupado com trabalho e cultura é fundamental para o nosso processo de reintegração na sociedade", defende. De fato, o projeto parece oferecer um resgate de identidade – papel incorporado há décadas por um representante único dentro dos presídios: a religião.

“Aqui todo mundo é tratado como bicho. Quando me contaram que teríamos sessão de cinema, lazer e contato com a sociedade, achei que era mentira”, revela Fabiano de Jesus, 28, lutador de artes marciais, preso há quatro anos.

Depois de muito rodar em diversas penitenciárias bastante opressoras da Grande São Paulo, ele duvidava de qualquer tipo de atividade cultural atrás das grades. Hoje, participa ativamente dos trabalhos, e espera conseguir um abrandamento da pena de 20 anos – negro, ele afirma que foi preso após aceitar uma briga com dois rapazes brancos que “mexeram” com sua ex-esposa, durante um coquetel que celebrava sua vitória após uma luta de MMA.

Comida é arte

Fabiano de Jesus, lutador de MMA. À exceção de Fabiano, as razões que levaram os 1580 homens a viver dentro de pequenas celas (em média, 12 por cela) no complexo penitenciário José Parada Neto, são tão pouco variadas quanto o cardápio alimentar no cárcere – por isso ausência da pipoca, na segunda edição, foi tão sentida.

Tráfico de drogas, assassinato à mão armada, roubo e homicídio são os principais crimes. “Imagine o que é comer a mesma comida durante mais de cinco anos da sua vida. Eu sonho todos os dias em tomar um sorvete”, comenta Davi.

A ausência do petisco, porém, foi recompensada com a participação do cineasta José Mojica Marins. Durante 25 minutos, no intervalo entre a segunda e a última sessão, os detentos puderam fazer perguntas e conversar com o Zé do Caixão.

As perguntas eram concluídas com tietagem e confissão. A maioria dos presos revelou ser fã do Cinetrash e sentir medo das principais produções do cineasta. Em sua versão fofa, Mojica pregou a crença nos próprios sonhos e, involuntariamente, promoveu uma palestra motivacional.

Ao rechaçar o cinema nacional, fez questão de mostrar que nunca teve apoio público para produzir os mais de 100 filmes. “No Brasil, a verba só é dada para filhinho de político, que pede 20 milhões, usa dois e guarda o resto no bolso", assevera.

Criticou, com menos acidez, as produções feitas pela própria filha, também diretora de cinema. “Já falei pra ela fazer filme usando o folclore brasileiro, a nossa identidade. Ela escolheu os vampiros, um tema gringo ao invés da Iemanjá. Paciência.”

Após tais explanações, a trajetória de Mojica no cinema independente foi usada pelos presos como um exemplo de final feliz. “Mesmo sem dinheiro você conseguiu produzir seus filmes e fazer história. É um exemplo de que a gente tem que ter esperança”, afirmam os presos participantes.

Fonte: G1
Texto: Lívia Machado
Foto: Caio Kenji
Do G1, em São Paulo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Presos da PEF1 concluem ensino fundamental e médio


No dia 07 de Dezembro o Conselho da Comunidade de Foz do Iguaçu participou da entrega de certificado para os 15 presos que encerraram as fases da educação formal (ensino  fundamental e médio).

As aulas foram ministradas no interior da unidade por um equipe de professores do CEEBJA, contando com o apoio da equipe pedagógica da PEF 1.

Na cerimônia os detentos além de receberem a certificação do ensino formal pelos orgão de educação ainda puderam contar com a presença de alguns familiares.

 A presença da família é fundamental para a ressocialização do preso

 Diretor da  PEF1 João Victor T. F. Fujimoto, discursando para os presentes

Joy, voluntária do Conselho da Comunidade na entrega do certificados

Parabéns a Direção e ao profissionais da equipe pedagógica e especial aos professores do CEEBJA, por contribuirem com a ressocialização dos presos, pois acreditamos que isso só é possível pelo binômio educação e trabalho.
Texto: Luciane Ferreira / Fabiula Wurmeister
Fotos: Joy

sábado, 3 de dezembro de 2011

Voluntários entregam brinquedos e doces para os filhos das presas


O Conselho da Comunidade de Foz do Iguaçu em parceria com os voluntários da Itaipu Binacional e da Pastoral Carcerária entregaram  neste sábado, dia 03 de Dezembro, presentes e doces  para os filhos das presas.


A doação faz parte da Campanha Adote uma estrelinha desenvolvido pelo voluntários da Itaipu. Neste ano o Conselho da Comunidade foi contemplado com as doações, que foram repassadas para os filhos das presas através do Projeto AME ( Apoio à Mulher Encarcerada).

No dia 05 de Novembro, através de uma ordem judicial da Vara de Infancia e Juventude 14 presas puderam ver seus filhos. Ao todo 25 crianças e adolescentes foram beneficiados com a doação.


Texto: Luciane Ferreira/ Fabiula Wurmeister
Foto: Claudia Elyeser

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Delegacias à beira do colapso

Segurança pública
Governo atrasa repasse de R$ 5,4 milhões e obriga distritos policiais a comprarem fiado para manter os serviços. Para delegado, situação está “insuportável”


As 470 delegacias da Polícia Civil do Paraná estão desde setembro sem receber recursos para comprar a comida dos presos, abastecer viaturas e manter serviços básicos. Essa é a segunda vez no ano que o governo do estado atrasa em mais de dois meses os repasses do fundo rotativo, única fonte de subsistência das delegacias. Algumas estão à beira do colapso, sem poder colocar os carros nas ruas por falta de combustível ou tendo de dar salsicha todos os dias para os presos por falta de crédito com os fornecedores. A crise é maior nas cidades menores.

Os R$ 2,7 milhões mensais do fundo destinam-se aos serviços emergenciais e a materiais de expediente e de limpeza de todas as delegacias do estado, à alimentação de 12,5 mil presos recolhidos em 200 unidades do interior e ao combustível das 440 delegacias que não dispõem de postos próprios. Apenas as de Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa e Gua­rapuava possuem bombas próprias para o abastecimento. As delegacias das demais cidades do estado dependem do fundo para abastecer as viaturas em postos conveniados.

Pires na mão

Dívida de R$ 200 mil em Castro

Para não interromper os serviços, as delegacias do Paraná precisam comprar fiado. Um exemplo é a delegacia de Castro, nos Campos Gerais, onde as dívidas com combustível e o alimento dos presos passam de R$ 200 mil. O atraso do repasse do fundo rotativo, responsável pelo custeio da delegacia, obriga o delegado Josimar Antônio da Silva a pendurar as contas. “A gente está funcionando normalmente, mesmo com atraso no repasse”, ressalta.

Dessa forma, para custear os R$ 100 mil por mês em alimentação dos 115 detentos na cidade, ele conta com a colaboração dos comerciantes. “Os donos de mercado da cidade chegam a fazer tomada de preço para que a gente compre deles. Como é o Estado que paga, não há risco de calote. Mesmo que aconteça um atraso de 60 dias no repasse do fundo, assim que o dinheiro chega o empresário vai receber. Por isso, não temos problema”, diz. Com isso, ele afirma que é possível manter, sem maiores dificuldades, a alimentação dos detentos.

Ele espera para a semana que vem a transferência do valor necessário para quitar as contas de outubro e setembro. “No final do ano devemos receber mais verba para não fecharmos o ano no vermelho, já que temos de ter nossas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas”, diz o delegado.

O mesmo acontece com o gasto nos postos de combustível, estimado em R$ 4 mil mensais. “A gente não pode parar de trabalhar. Nossas cinco viaturas continuam fazendo os trabalhos normalmente. Os donos dos postos sabem que no fim das contas vão receber”, salienta. O repasse do fundo rotativo está atrasado há dois meses. A primeira parcela do próximo ano só deve ser paga a partir de fevereiro. “Normalmente, a gente começa a receber o fundo entre fevereiro e março”, revela.

Para a delegada-chefe da 13ª Subdivisão Policial, Valéria Padovani de Souza, que coordena as delegacias dos Campos Gerais, o atraso no repasse é recorrente. “Em 18 anos de polícia, sempre teve essa situação. Mas, isso não implica em impossibilidade de efetuarmos nosso trabalho”, diz. Ela enfatiza ainda que o atraso do fundo rotativo é compreendido pelos comerciantes. “A gente conta com a colaboração dos comerciantes. Por isso, não estamos tendo problemas.”


Direitos humanos

Presos dormem no cimento

De dois meses para cá, o preso encaminhado ao Centro de Triagem 2, em Piraquara, tem de levar seu próprio colchão se não quiser dormir no cimento. Em geral, a orientação é feita de maneira informal à família do detento, devido à precariedade da infraestrutura dessa que é a maior prisão provisória do Paraná, com mais de 1.400 presos. A situação já havia sido apresentada ao governo do estado há dois meses pela comissão estadual de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR).

Depois de vistoriar as instalações do CT2, a vice-presidente da comissão, Isabel Kugler Mendes, recorreu à primeira-dama do estado na tentativa de fazer valer os direitos dos presos. Só agora, no entanto, o problema está em vias de ser corrigido. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, foi autorizada ontem a compra de 957 colchões. A ordem de compra deve ser publicada na edição de segunda-feira do Diário Oficial do Estado.

Culpa da burocracia

A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) prometeu fazer o repasse às delegacias até terça-feira que vem. Os valores vencidos somam R$ 5,4 mi­­lhões. Em condições normais, a par­­cela de um mês é depositada até o dia 15 do mês seguinte. “Não po­­de passar do dia 17, por causa dos fornecedores”, diz o chefe do Grupo Financeiro da Polícia Civil, Pe­­dro Rei­chembak de Brito. Ele as­­segura que o atraso se deveu à bu­­rocracia e não à falta de dinheiro.

Segundo Brito, o governo atual decidiu fazer uma conferência geral nos procedimentos do repasse do fundo rotativo (que existe des­­de 1992), para checar se estavam dentro das normas legais, sem irregularidades. “Isso tomou tempo e provocou o atraso”, justifica Brito. O problema é que essa não foi a primeira vez no ano. A atual administração estadual co­­meçou 2010 com um atraso superior a dois meses na transferência do fundo rotativo. Tanto no início do ano quanto agora, as delegacias precisaram improvisar para evitar o caos.

Na primeira crise do ano, a Sesp atribuiu a demora às implicações inerentes à transição de governo, como a necessidade de estudar cada uma das despesas. Negou ainda que o atraso decorreu da falta de dinheiro em caixa. Ou seja, o mesmo argumento de agora do chefe do Grupo Financeiro da Polícia Civil.

Consequências

O novo atraso do fundo já apresenta reflexos negativos no trabalho dos policiais. Um delegado do Litoral do estado, cujo nome não será revelado, por precaução, diz que há um mês nenhuma operação é feita na cidade. O jeito é comprar fiado, ainda que isso acarrete num custo moral para o delegado. “Como a cidade é pequena, os fornecedores acabam pessoalizando a dívida. É como se ‘eu’ não estivesse pagando”, desabafou.

Nas cidades que fazem a guarda de presos provisórios, as refeições são preparadas no próprio distrito. Em uma cidade do Norte do estado, os 30 detentos estão há quase um mês comendo apenas salsicha. O mercado suspendeu as entregas até a quitação dos atrasados. “Os presos chegaram a iniciar uma rebelião, que foi contida. A situação está insuportável”, diz o delegado. “O posto ainda está fornecendo combustível, mas a paciência do dono também está acabando. Só estamos atendendo emergências”, afirma.

Burocracia deixa as viaturas de Curitiba dois dias sem gasolina

Mesmo com melhor infraestrutura em comparação com o interior, as delegacias de Curitiba também começam a sentir a escassez de recursos. O delegado de um distrito da capital sofreu com a falta de combustível no início da semana. “As viaturas da Polícia Civil estavam sendo abastecidas com gasolina emprestada da Polícia Militar”, disse. A falta de recursos já afetou o trabalho administrativo e começa a prejudicar o de investigação. “As equipes não vão para as ruas. De um mês para cá, o trabalho de investigação na maioria dos distritos não existe.”

A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) nega o rumor corrente em algumas delegacias da capital de que o combustível estaria sendo racionado. O abastecimento de todas as viaturas de Curitiba é centralizado numa unidade da Polícia Civil na Rua Barão do Rio Branco, no Centro. As bombas ficaram a terça-feira inteira e a manhã de quarta sem gasolina. A culpa teria sido novamente da burocracia, como aconteceu com o atraso nos repasses do fundo rotativo para as delegacias.

O governo do estado informou ontem que o atraso na entrega desta semana não se deveu a qualquer problema com os contratos mantidos com as distribuidoras, a Petrobras e a Ipiranga. O problema estaria na formalização de cadastro, retardado por causa da revisão geral que o atual governo está fazendo nos contratos e pagamentos da administração estadual. É, portanto, a mesma justificativa informada para os atrasos nos repasses do fundo rotativo às delegacias de todo o estado.

Fonte e Foto: Gazeta do Povo
28/02/12/2011 00:04
Texto:Mauri König e Felippe Aníbal
Ponta Grossa - Diego Antonelli, da sucursal, especial para a Gazeta do Povo