sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ressocialização através da Arte

Quando a arte muda a vida


Encenado por ex-detentos, o espetáculo Bizarrus emocionou os participantes da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), com a peça  teatral Bizarrus  nesta sexta-feira (28) no auditório Planalto, no Centro de Ulysses Guimarães, em Brasília. O espetáculo durou cerca de 1h30 e foi sucedido por um bate-papo entre o público e os atores, que são ex-detentos de unidades prisionais de Porto Velho (RO).

Construída coletivamente e com abordagem sobre a realidade vivenciada dentro dos presídios e no passado de violência, a peça integra o projeto "Reabilitando através da arte" - conduzido em parceria pelo governo de Roraima e os serviços Social do Transporte e Aprendizagem (Sest/Senat).

A apresentação trouxe uma lembrança especial para a companhia "Sem nexo complexo": há exatamente uma década o grupo entrava em cartaz pela primeira vez. De lá para cá, mais de 80 mil pessoas já assistiram a montagem em diferentes estados brasileiros.

"Passados esses dez anos, nosso saldo é de alegria, amor e cidadania. Hoje todos os atores estão em liberdade, tem seu emprego, família e uma vida digna", ressalta Luiz Marques (foto), diretor do Sest/Senat e da organização não-governamental Acuda, montada pela companhia teatral.

O diretor teatral Marcelo Felice conta que a ideia de montar uma oficina teatral dentro do presídio surgiu a partir do convite de uma amiga, que lecionava para os detentos. "Nesta ocasião, o que mais me chamou a atenção foi a baixa autoestima dos presos. Parece que o ser humano entra num ponto de caos que é muito difícil de superar", recorda.

As aulas de teatro atraíram a curiosidade dos presos e se tornaram uma alternativa ao regime conhecido como "fechadão" - 23 horas de privação e uma hora de banho sol por dia. "Era um começo. Na época, nem eu nem eles sabíamos que estávamos caindo numa ‘armadilha' que ultrapassaria os muros e a relação profissional. Aconteceu que eu me apaixonei", diverte-se Marcelo.
Passados esses anos, Marcelo avalia que a potencialidade que os presos tem, canalizada às vezes de uma maneira distorcida, é a mesma que eles levam para uma atuação criativa. "Eu só precisei acordar este outro lado deles. Não queremos ‘resgatar' ninguém. Nós estimulamos a consciência e autoresponsabilidade e cada um faz o seu caminho".

Fonte: Assessoria de Impressa 1ª Conseg
Foto: Martim Garcia/Conseg

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