quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Campanha pede fim de cadeias superlotadas


Os delegados da Polícia Civil do Paraná iniciaram, nesta semana, uma campanha publicitária em Curitiba para chamar a atenção da população para a importância da retirada dos presos das delegacias do estado. Com o mote: “Ajude a mudar essa realidade”, o movimento, coordenado pelo Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepol), cobra do governo estadual uma transferência urgente dos presos para custódia da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju).

São dez outdoors espalhados por Curitiba durante a primeira fa­­se, que durará um mês. Depois, o Sindepol deverá fazer inserções de vídeos na televisão e um trabalho na internet. Segundo o Sin­de­­pol, cada preso em delegacia no interior custa R$ 2 por dia, ou seja, R$ 630 mil por mês, já que há 10,5 mil presos nas delegacias do interior. A verba é da Secretaria de Estado da Segurança Pública. “É um dinheiro que poderia ser investido em segurança mesmo”, afirma o presidente do Sindepol, Vinícius Augusto de Carvalho.

Na avaliação dele, a presença dos presos nas celas das delegacias tem causado um impacto grande na investigação de crimes e colocado policiais e presos sob alto risco. “Não há benefício para ninguém. Os presos estão em condições sub-humanas, o que gera desespero , fu­­­gas e mais crimes”, afirma. Se­­gundo ele, presos perigosos são mantidos junto com detentos co­­muns. “Queremos que a comunidade intervenha e cobre junto”, apela.

O delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, apoia a campanha e reafirma a importância da retirada dos presos. “A mobilização é fundamental. Chegou a uma condição insuportável. Tem policial até doente”. Michelotto orientou os delegados que tenham suas cadeias interditadas a conversarem e pedirem que os magistrados determinem o destino dos detentos.

A subdivisão policial de Paranavaí, na Região Noroeste do estado, tem um quadro crônico em oito cidades. Segundo o titular da subdivisão, delegado Osmir Ferreira Neves Junior, os casos mais graves estão nas delegacias de Paranavaí e Nova Esperança. A primeira tem 180 presos em 95 vagas e a segunda tem 70 em um local para 16 vagas. “É um descaso que perdura há anos”, ressalta. O delegado conta que Paranavaí já registrou quatro tentativas de fugas neste ano.

A Seju informou que pretende colocar os presos que estão em delegacias sob os cuidados de agentes de carceragens do próprio órgão, mas o processo deverá acontecer durante os próximos quatro anos. A secretaria garante ainda que 2,5 mil novas vagas devem ser colocadas à disposição do sistema prisional do Paraná até outubro.

Fonte: Gazeta do Povo
03/08/2011 00:03
Texto:Diego Ribeiro
Foto:Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

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