Enfermeiros aplicam material sob a pele, para saber se pessoa está infectada; depois, exames verificam se houve desenvolvimento da doença
Em uma ação resultante dos trabalhos de uma comissão formada por técnicos das Secretarias da Justiça, Segurança e Saúde e do Departamento Penitenciário, detentas da Cadeia Pública Laudemir Neves receberam ontem a visita de enfermeiros da 9ª Regional e da Secretaria Municipal da Saúde. Acompanhados pela representante do Conselho da Comunidade de Foz, um dos órgãos que também integram a comissão — ao lado da Itaipu a Rede de Combate ao Câncer —, os profissionais da saúde submeteram as presas à prova tuberculínica. Depois de vários meses, a imprensa pôde entrar nas alas da unidade.
A ação na área de saúde é uma das primeiras a ser implantada na unidade depois que um diagnóstico apontou para os problemas de superlotação, com seis a sete presas por celas e condições de higiene e saúde precárias. Este quadro foi encontrado pela comitiva do Estado, que vistoriou a ala feminina nos dias 12 e 13 deste mês.
Um dia depois, na 9ª Regional de Saúde, o grupo se reuniu com a meta de encontrar formas de solucionar, o mais breve possível, tais problemas. Com capacidade para abrigar cerca de 130 presos, a unidade mantém, atualmente, mais de 300, sendo 121 apenas na ala feminina — três grávidas. Na visita, foi constado que duas detentas estavam com tuberculose.
Conselho
Vice-presidente do Conselho da Comunidade, Nila Leite lembra que a instituição está acompanhando não apenas o que vem sendo desenvolvido para as detentas, mas também dá suporte. Como lembrou, especificamente em relação aos testes, todo o trabalho se iniciou ontem e segue até a sexta-feira, 4 de junho. "Elas farão os testes para ver quem está com o bacilo (que causa a tuberculose) e após o dia 2 serão dados os resultados. Levando em consideração a estrutura que temos para trabalhar, a gente sabe que isso é muito importante, pois já houve casos aqui, de duas pessoas que já apresentaram o bacilo, foram isoladas e tratadas. Por isso, a 9ª Regional sentiu a necessidade de que fosse feito o teste e todas as formas de prevenção", resumiu Nila.
Como lembrou, frente a realidade da cadeia pública — que foi denominada pelo diretor-clínico do Complexo Penal do Estado, Carlos Alberto Peixoto Baptista, como "inóspita" — o trabalho feito pelos profissionais é de extrema relevância.
"Veja as condições daqui. É um local onde o vírus vai chegar e fazer a festa. Por isso é muito importante este trabalho. Agradecemos todo o empenho da 9ª Regional, que se mostrou muito disposta, e a Secretaria Municipal da Saúde, que também é muito parceira, sempre ajudando".
O próximo passo na área da saúde se inicia em 17 de junho, quando as detentas receberão um atendimento mais amplo, visando a detecção de várias doenças, como a hanseníase. Para isso, serão usados os ambulatórios das Penitenciárias Estaduais de Foz do Iguaçu (PEFI) I e II — antigo CDR. Serão prestados atendimentos a 24 mulheres por dia, em um trabalho que terá continuidade nas sextas-feiras, seguindo no mês de julho.
A ação terá o apoio de várias forças como as polícias Militar e Federal, em razão do transporte das detentas. "É uma etapa que está se iniciando com o atendimento a médio prazo. Não serão mais aqueles atendimentos feitos esporadicamente. Serão mais constantes para melhorarmos a saúde delas".
Prova tuberculínica
O teste feito pelas equipes dos Programas de Controle da Tuberculose e do HIV/Aids da Atenção Básica da Secretaria de Saúde de Foz e pela 9ª Regional ontem é chamado de prova tuberculínica, que mostra se a pessoa já está contaminada ou não com o bacilo da tuberculose. "Aquelas que estiveram infectadas com o bacilo, depois passarão por outros exames para saber se estão doentes. Isso porque nem todas as pessoas que têm a bactéria da tuberculose, estão infectadas, doentes. No Brasil, estima-se que 30% das pessoas estão infectadas. Quando se está numa situação de carceragem, isso é maior. Então, o que estamos fazendo aqui é uma triagem, pode ser que muitos não estejam doentes", explicou o enfermeiro Olauro Raimundo da Silva, coordenador do Programa Municipal de Tuberculose.
No teste, o material é injetado sob a pele. Depois de 48 a 72 horas, os profissionais avaliam uma possível reação local. "Tem alguns que vão ter reação e outros nenhuma reação. As que não tiverem a gente considera que não estão infectadas com o bacilo", concluiu.
Fonte e Foto: A Gazeta do Iguaçu
Edição: 6870 - 31 de Maio de 2011
Reportagem: Nelson Figueira
0 comentários:
Postar um comentário