O sucesso da experiência de utilização de presos de regime semiaberto na construção de casas populares em Jesuítas, no Oeste do Estado, deverá levar o governo a ampliar a iniciativa para outros municípios. Esta semana a obra foi visitada pela secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes, e pelo presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Mounir Chaowiche. Experiência semelhante começa a ser colocada em prática no município da Lapa, na região metropolitana de Curitiba.
Em Jesuítas, são 110 unidades habitacionais que estão sendo construídas em parceria com a Caixa Econômica Federal. O investimento é de R$ 1,8 milhão e beneficiará famílias que ganham em média um salário mínimo.
A obra, iniciada em outubro de 2007, estava em ritmo lento por falta de mão de obra. Cohapar, Secretaria de Justiça e prefeitura de Jesuítas firmaram então um convênio para que presos em regime semiaberto trabalhassem no canteiro de obras. Os 15 apenados que atuam na obra trabalham de segunda a sexta-feira e recebem mensalmente 75% do salário mínimo.
Segundo a secretária Maria Tereza, a experiência de Jesuítas é considerada um caso de sucesso. “Estamos colocando em prática a ressocialização e percebemos que é possível o preso do regime semiaberto trabalhar fora da penitenciária. Após o cumprimento da pena eles saem com uma nova perspectiva de vida. Aqui em Jesuítas a experiência está sendo muito positiva, tanto que replicamos na cidade da Lapa, onde temos 13 presos na obra da Cohapar”, disse.
Chaowiche disse que a iniciativa atende à determinação do governador Beto Richa para que haja integração entre as diversas áreas do governo: “Todas as secretarias trabalham em sintonia, pensando nos projetos em conjunto. Aqui temos um exemplo disso: Cohapar, Secretaria de Justiça, Copel, Sanepar, todos unidos para resgatar a dignidade das famílias. Vamos dar continuidade a estes convênios, pois estas pessoas estão cumprindo suas penas e merecem uma nova chance”.
O prefeito de Jesuítas, Aparecido José Weiller Júnior, disse que no início muitos moradores da cidade ficaram receosos pelo fato de os apenados estarem trabalhando na obra. “Mas agora eles só recebem elogios e têm um comportamento exemplar. Queremos firmar um convênio para absorver esta mão de obra aqui na cidade também”, afirmou.
O preso C.B., 52 anos, contou que está muito feliz pela chance que ganhou: “Aqui somos tratados como os outros, não existe preconceito. E o melhor de tudo é o orgulho que nossa família sente por saber que estamos nos dedicando e que teremos uma nova chance depois de cumprir a pena”.
V.S., 28 anos, disse que nunca tinha trabalhado com construção civil e que considera uma ótima oportunidade: “Tudo que sei aprendi aqui, todos nos receberam muito bem e fazem a gente se sentir parte da sociedade de novo. Quero aprender ainda mais para um dia, quem sabe, construir a minha própria casa”. Ele contou que não é casado, mas depois que cumprir a pena quer uma família, “para começar uma vida nova”.
Arley Rogério da Costa é vizinho da obra e disse que quando as pessoas souberam que presos iriam trabalhar na construção das casas houve muito receio: “Existia preconceito com relação a eles, mas depois que percebemos o comportamento e o respeito deles, mudamos de opinião. Nunca incomodaram, fazem silêncio, não temos do que reclamar. Eles estão de parabéns”.
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