A quantidade de prédios, casas e estradas em construção na região de Fortaleza/CE favorece o emprego de ex-detentos pela construção civil. Segundo o presidente da Usina de Reciclagem de Fortaleza (Usifort), Marcos Kaiser, premiado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por empregar ex-detentos, as 600 obras cadastradas no Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) poderiam utilizar a mão de obra de pelo menos 1,2 mil homens e mulheres que já foram presos e aguardam uma oportunidade para recomeçar a vida.
Desde junho, a Usifort tem entre seus funcionários dois ex-detentos, mas poderia empregar mais 10 ex-presidiários. Segundo o presidente da Usifort, no entanto, a falta de assistência do governo a esses trabalhadores inviabiliza a iniciativa. “Precisamos de psicólogos e assistentes sociais para acompanhar constantemente esse pessoal porque há o risco de recaídas. Atualmente não temos apoio do Poder Executivo e a única assistente social do Tribunal de Justiça que lida com o Começar de Novo (projeto do CNJ que promove a reinserção social da população carcerária e ex-presos) está sobrecarregada”, afirmou Kaiser.
Sejus – Mas de acordo com a Secretaria de Justiça do Estado (Sejus), o governo oferece uma rede multidisciplinar estadual de apoio aos presos e ex-detentos pelo Programa Mãos que Constroem. O atendimento, que se estende ao empregador e à família do detento, é feito por advogado, assistente social, psicólogo e agente penitenciário. O objetivo da iniciativa é capacitar e empregar a mão de obra carcerária na construção civil para inserir esse público no mercado de trabalho, “aproveitando a demanda crescente por mão de obra no setor da construção civil, mas com responsabilidade de capacitar e acompanhar o assistido até sua efetiva contratação como funcionário”, afirmou a Sejus, por meio de sua assessoria.
Segundo a Secretaria, alguns dos operários que trabalham nas obras do governo, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), são ex-detentos selecionados pelo programa. A construção da Arena Castelão, estádio de Fortaleza que vai sediar a Copa do Mundo de 2014, também teve participação de ex-presos. O Governo do Estado do Ceará planeja agora incluir egressos do sistema prisional nas obras do Centro Olímpico do Ceará e na construção de unidades habitacionais em curso na capital.
Reconhecimento – Iniciativas de capacitação profissional de presos e ex-detentos no Pará, no Ceará e no Rio de Janeiro receberam o reconhecimento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que premiou nove entidades e empresas com o selo do Começar de Novo, programa do CNJ que estimula a ressocialização da população carcerária e de egressos desse sistema por meio do trabalho e do estudo. Em maio, a indústria de reciclagem Usifort foi uma das sete empresas e entidades cearenses agraciadas.
Manuel Carlos Montenegro
Agência CNJ de Notícias
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