terça-feira, 27 de novembro de 2012

Presos recebem telecentro para cursos à distância

 


Os cerca de 1.400 presos da Colônia Penal Agroindustrial, instalada em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, receberam equipamentos de informática para educação à distância. O Telecentro de Educação à Distância da CPAI foi inaugurado sábado (24), em meio a outras atividades de serviços sociais da “Ação Cidadã - Movimento Mãos Amigas pela Paz”, que envolveu mais de 800 pessoas. A ação, inédita em estabelecimentos penais do Paraná, emitiu documentos e ofereceu serviço de saúde.

O telecentro foi instalado em parceria com a Secretaria para Assuntos Estratégicos. Os 15 computadores vão permitir que 45 presos do regime semiaberto façam cursos à distância, inclusive de nível superior. “Estamos investindo maciçamente, acreditando que transformar as prisões em escolas, oficinas de trabalho e ambientes de paz é a melhor solução para ter um sistema penitenciário tranquilo e respeitoso”, afirmou a secretária da Justiça, Cidadania e Ensino Superior, Maria Tereza Uille Gomes. No mesmo dia 10 internos da CPAI receberam certificado de conclusão do curso de Agricultura Orgânica, pelo Senar.

O Programa de Desenvolvimento Integrado - Cidadania da Secretaria, promoveu a Ação Cidadã, reunindo secretarias estadual e municipal da Saúde, Sesi, Senai, Sinduscon, Senar, Instituto de Identificação, Agência do Trabalhador, entre outros órgãos. Foram emitidas 37 carteira de identidade e oferecidos serviços de saúde e odontologia, além de oportunidades de emprego. A Defensoria Pública do Paraná distribuiu cartilhas informativas e o Ministério Público Estadual, a “Conte até 10”, para evitar violência por impulso. Os internos e seus familiares também puderam aproveitar atividades de lazer, cultura e esporte e apreciar exposições de artesanato dos presos.

CIDADANIA – A secretária enfatizou que, desde o inicio da gestão está preocupada em oferecer um novo modelo de gestão da execução penal no Paraná, investindo na educação, na qualificação profissional e no trabalho. “Quando os presos saem qualificados, com carteira de trabalho e oportunidade de emprego, é muito mais fácil que não voltem a cometer infrações, diminuindo a reincidência e, o mais importante, os índices de violência. Ao mesmo tempo, estamos investindo na valorização dos servidores públicos que trabalham no sistema penitenciário, com cursos de capacitação”, destacou Maria Tereza.

O diretor do Departamento de Execução Penal (Depen), Mauricio Kuehne, ressaltou que é possível fazer com que a pessoa privada de liberdade volte a conviver em sociedade. “O preso cumpre a pena, mas não deixou de ser humano e não perde a dignidade. É isso que precisamos manter, proporcionando condições para que ele trabalhe e estude e que a família venha visitá-lo. Nesse ambiente, ele percebe que tem plenas em condições de se redimir do erro”, disse Kuehne.

CARTILHA – A defensora pública-geral, Josiane Bettini Lupion, lançou a cartilha Passaporte para a Liberdade e, num ato simbólico, entregou um exemplar a uma interna do Centro de Regime Semiaberto Feminino, que representou as demais detentas da unidade. “O básico a gente sabe sobre nossos direitos e deveres, mas com a cartilha a gente pode esclarecer melhor as dúvidas, como livramento condicional, o que o preso tem direito, o que pode fazer ou não. Coisas que a gente não sabia, vai descobrir lendo a cartilha”, comentou a detenta J.L.C.

Josiane explicou que os assessores da Defensoria Pública, que passaram em processo seletivo no ano passado, detectaram que os presos não tinham conhecimento de quais eram os diretos, deveres dentro da unidade penal. A cartilha surgiu como um manual, em que as perguntas são feitas pelos detentos e as respostas são dos assessores jurídicos e defensores públicos. “Muitos presos provisórios não sabiam que podiam votar nem que o trabalho e o estudo reduziam o tempo de permanência na unidade prisional”, exemplificou a defensora pública. “Vamos distribuir esta cartilha para todas as penitenciárias e delegacias de polícia”.

MINISTÉRIO PÚBLICO – Com o lançamento da campanha “Conte Até 10”, do MP, no sistema prisional, segundo o promotor de Justiça, Paulo Markowicz de Lima, coordenador estadual da campanha, a intenção do Ministério Público é evitar a reincidência. “O preso sente na pele as consequências de ter praticado um crime e muitos deles poderiam não estar presos se tivessem refletido um pouco num momento de raiva, de nervosismo, de desentendimento familiar”, comentou Lima.
 
Fonte: AEN

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