terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Cadeias do Paraná serão vistoriadas

Depois de fugas em seis delegacias no fim do ano, sindicato quer verificar condições de trabalho dos policiais e a situação dos presos

Guilherme Voitch

O Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sin­clapol) fará vistorias nas próximas semanas em delegacias do interior do estado para verificar as condições de trabalho dos policiais e a situação dos presos. A decisão veio após a série de fugas em seis delegacias do interior do estado, na passagem do ano. De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), 68 detentos fugiram. Até ontem, pelo menos 17 haviam sido recapturados. “Temos recebido com frequência informações sobre a situação temerosa nas delegacias. Temos cerca de 12 mil presos no interior para não mais que 2 mil vagas”, diz o presidente do Sinclapol, André Gutierrez.


Segundo ele, o departamento jurídico do Sinclapol ainda está definindo como as visitas serão feitas, mas a ideia é que, caso seja constatado acúmulo de trabalho e desvirtuamento de funções por parte dos policiais, será feita uma notificação ao delegado responsável, ao Poder Judiciário, Ministério Público, Ministério Público do Trabalho e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “A lei determina que os presos devem ficar nas carceragens enquanto isso for necessário ao inquérito. Mas temos centenas de presos que já estão condenados e permanecem nos distritos. Isso vai contra os direitos dos presos e dos policiais.”

A presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR, Isabel Kugler Mendes, diz que a situação das delegaciais no interior é tão ou mais complicada do que nos distritos de Curitiba e região metropolitana. “Cos­tumamos dar mais atenção para cá (Curitiba), mas bastou uma viagem para uma cidade do interior para nos depararmos com uma situação muito complicada”, afirma. No final de novembro, membros da Comissão visitaram a delegacia da Lapa e verificaram que lá estão 70 presos onde poderiam estar 14. A carceragem foi interditada por ordem judicial, mas a decisão não tem sido respeitada.


Fugas

Na passagem de ano foram registradas fugas em Ivaiporã, Goiorê, Ibiporã, Peabiru, Maringá e Ponta Grossa. Na 13.ª Subdivisão, em Ponta Grossa, dois presos foram resgatados na madrugada de sábado. Dois homens armados, com capacetes de motociclista, invadiram a delegacia e renderam a policial e o escrivão que estavam de plantão. O delegado-adjunto da 13.ª SDP, João Manuel Alonso, diz que não houve falha na segurança. “Se fosse uma falha, eles não precisariam estar armados. Não houve falha da Polícia Civil”, garante. A delegacia tem lugar para 16 presos e tinha oito no dia da ação.

Segundo a polícia, o objetivo era libertar Gerson Lopes de Jesus Comineiro, conhecido com Paulista. Outro homem que estava na mesma cela, Anderson Siqueira, conhecido como Dentinho, também fugiu. Eles são acusados de assalto. Ambos haviam sido transferidos do superlotado presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, para a carceragem da delegacia, porque declararam seguidas vezes que fugiriam do presídio. A delegacia seria mais segura. “Se o presídio não estivesse superlotado, não precisaríamos ter trazido os dois para a delegacia. A carceragem do plantão é para presos de dois ou três dias. Extraordinariamente eles estavam aqui, por uma questão disciplinar”, diz o delegado.


Novos presídios

Obras podem começar neste mês

A expectativa do governo do estado é de que sejam iniciadas neste mês as obras de duas novas penitenciárias do estado: o Centro de Detenção e Ressocialização de Cruzeiro do Oeste e Maringá. Ontem, durante reunião da Operação Mãos Limpas, o governador Roberto Requião determinou que a Secretaria de Obras entre em contato com a empresa vencedora das licitações para a construção de duas penitenciárias no estado, para dar início às obras. Segundo Requião, a construção do novo Centro de Detenção e Ressocialização, em Cruzeiro do Oeste, inicia em janeiro, mas há preocupação quanto ao centro de Maringá. “Essa empreiteira está com algumas grandes construções e eu preciso ter certeza que ela terá condição de concluí-las, ver se ela não está assumindo obras acima da sua capacidade.”

Fonte: Gazeta do Povo

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