Cinco presos morreram em rebelião na PCE; 90% das celas foram destruídas.
Cinco mortes foram confirmadas depois da rebelião realizada na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba (RMC). Todas as vítimas fatais são detentos. Entre os mortos, três foram carbonizados (um deles acabou decapitado) e outros dois morreram com graves lesões na cabeça. A informação foi repassada pela Polícia Científica, que esteve na PCE depois do motim. Segundo a avaliação inicial, 90% das celas estão destruídas.
De acordo com a perita criminal Jussara Joeckel, havia muitas tesouras e facas na PCE. Além disso, um pé de cabra e uma máquina elétrica utilizada para cortar ferro também foram encontrados. O delegado titular de Piraquara, Osmar Feijó, acredita que os presos conseguiram boa parte do material com uma empresa que estava trabalhando em reformas na penitenciária.
Presos se entregaram durante a tarde depois de 18 horas de rebelião. Cerca de 1,5 mil detentos estão na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara.Confronto entre presos de três alas diferentes começou a rebelião em Piraquara. Diversas áreas internas da penitenciária foram queimadas durante o motim. Familiares dos presos aguaradaram notícias sobre a rebelião em frente à PCE.
A rebelião, iniciada na noite de quinta-feira (14), durou mais de 18 horas. Detentos e policiais militares entraram em um acordo por volta da 15h30. De acordo com a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp-PR), os presos se renderam em grupos de 30 pessoas. Os dois agentes penitenciários que ainda eram mantidos reféns foram libertados e passam bem.
Por volta das 10h30, outro agente, identificado como Antônio Alves, já havia sido foi liberado pelos presos. No mesmo horário, oito detentos feridos foram retirados da PCE em uma ambulância, segundo a secretária da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Isabel Kugler Mendes.
Negociações
As primeiras negociações começaram por volta das 9h30, depois da chegada do juiz corregedor Márcio Tokars. A conversa entre presos e autoridade durou cerca de uma hora. O diálogo, retomado novamente às 13h, foi coordenado pela PM. Além dos representantes da OAB e do juiz corregedor, também estiveram na PCE o secretário da Justiça do Paraná, Jair Braga, e o coordenador do Departamento Penitenciário (Depen), Cezinando Paredes.
Os presos solicitaram melhorias na comida, no serviço de atendimento psicológico e mais tempo para o banho de sol. Alguns detentos pediram transferência para outras regiões do estado e também para fora do Paraná.
Durante a tarde, segundo a Sesp, os presos receberam a confirmação de que alguns deles, que são de outros estados, serão transferidos para penitenciárias mais próximas de onde moram os familiares.
O motim teria começado quando presos das galerias 7, 8 e 10, entraram em confronto e fizeram reféns. O Comando Geral da PM confirmou que existe a suspeita que houve facilitação da entrada de armas brancas na penitenciária.
Retirada da Polícia Militar
A ação dos presidiários acontece na mesma semana em que, por ordem da Secretaria da Segurança, foram retirados policiais militares que faziam a guarda armada do local, em apoio aos agentes. A Sesp informou que dos 48 PMs que cuidavam da segurança do local, 20 foram retirados. A secretaria garantiu que havia policiais na PCE no momento em que o motim começou.
Os PMs atuavam dentro da PCE desde o ano 2001, data da última rebelião que aconteceu no local. “O secretário da Justiça informou à Secretaria de Segurança que não havia condição de ficar sem a polícia no local, mas não houve resposta da Sesp”, conta Isabel.
O comandante-geral da PM, coronel Rodrigo Larson Carstens, afirmou que os policiais estavam ociosos na PCE. "Eles foram transferidos para fazer o policiamento de rua, protegendo a população", declarou o oficial à Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial do governo.
O perigo de rebelião já havia sido alertado pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, quando soube da saída dos PMs. O presidente do sindicato, Clayton Agostino Auwertzr avisou, em ofício, a OAB. O presidente da OAB-PR, Lucio Glomb, que tomou posse no dia 1.º de janeiro, teria conversado com Cezinando Paredes a respeito da falta de segurança e uma comissão da OAB teria agendado para esta sexta-feira uma visita à PCE.
Sem os PMs, ficam apenas no máximo 30 agentes penitenciários fazendo a segurança de cerca de 1,5 mil presos em 13 galerias que compõem o complexo de 40 mil metros quadrados de área construída.
Fonte e Foto: Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo
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