Detentos de Sorocaba cultivam mudas para parques e jardins
Cada três dias de trabalho do preso abatem um dia da pena (Foto: Reprodução/TV Tem) |
Detentos de duas unidades prisionais de Sorocaba (SP) trabalham na produção de mudas que vão para os jardins, parques e outras áreas da cidade. A iniciativa não é inédita, mas produz resultados positivos. Segundo os reeducandos, o trabalho e o contato com a natureza dão a eles a possibilidade de iniciar uma nova vida.
Quem visita o Jardim Botânico de Sorocaba se surpreende com as flores e árvores plantadas ali, mas poucos sabem que elas foram cultivadas por presos do regime semiaberto. Na penitenciária Danilo Pinheiro (P1), que fica no bairro do Mineirão, 30 detentos participam de um projeto em parceria com a prefeitura. Eles produzem mudas de plantas nativas e exóticas para doação e recuperação de áreas degradadas do município "Além do lado ecológico é importante ter o lado social. Usar essa mão de obra para estimular eles a mudar de vida, gostar da natureza, dar uma nova oportunidade para eles", conta Cristians Leite, coordenador do projeto.
As mudas chegam em tubetes junto com a terra, substrato orgânico, adubo e calcário. Os presos colocam a mistura em saquinhos que são organizados de acordo com o canteiro. A atividade de plantar as mudas é delicada e exige paciência.
Luiz Denardi tem 53 anos e foi preso por homicídio. Enquanto trabalha, reflete. "É uma terapia mental, ocupacional. A gente viaja, eu viajo. Fico pensando nas coisas que eu fiz, nas coisas que eu não deveria ter feito", conta.
Quem participa do projeto recebe um quarto do salário mínimo (R$ 181) por mês. O dinheiro é enviado para a família do preso e cada três dias de trabalho diminui um da pena.
Para quem até pouco tempo tinha a vida cercada por muros, a recompensa vai além do salário e da redução da pena. O trabalho com a natureza dá aos presos a oportunidade de aprender uma profissão e uma lição de vida importante. As mudas precisam ser plantadas com cuidado e regadas todos os dias. Exatamente como deve ser o recomeço pelo qual eles tanto esperam. "Refazer a vida, como eu era estudante de agronomia lá fora, me formar e voltar a exercer a minha profissão lá fora", planeja Nivaldo da Silva Santos.
Josino Oliveira Gomes tem 36 anos e ficou 15 anos preso por vários crimes como tráfico de drogas e assalto. Hoje, ele e outros nove detentos trabalham nos canteiros da penitenciária Antônio de Souza Neto (P2). Perto de conquistar a liberdade, ele conta que já começou a colher os frutos do trabalho com as mudas. "É um aprendizado de vida. Como me comportar no serviço, me apegar às coisas. É muito prazeroso".
Segundo os diretores das duas penitenciárias, o trabalho com a terra contribuiu para a mudança de comportamento dos presos. "O preso quando não está em atividade e começa nessa atividade, até no dia a adia para nós reflete diretamente. Então eu acredito que para o próprio preso é de muita valia, afirma Marcelo Serroni Persike, diretor da P2.
"Eles sentem que o erro que eles cometeram causando mal à sociedade, eles estão reparando nesse plantio de árvores na cidade. E propiciam um melhor ambiente para a população", completa Edésio José da Silva, diretor da P1.
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