Número de assassinatos no estado foi 3% menor do que em 2009, segundo o Ministério da Saúde. Redução é vista com cautela por especialistas
No ano passado, 3.588 pessoas foram vítimas de assassinatos (o equivalente a uma morte a cada duas horas e meia) contra 3.695 em 2009. Apesar da queda, o Paraná se manteve entre os estados mais violentos em 2010, amargando a nona colocação no ranking, com uma taxa de 34,3 mortes a cada 100 mil habitantes. Um índice superior à média nacional (26,1).
A redução no número de mortes no Paraná seguiu uma tendência nacional. O Brasil também apresentou baixa de 3% na ocorrência de homicídios em relação a 2009. Para especialistas e agentes de segurança pública, a diminuição inédita na ocorrência de assassinatos no estado deve ser vista com cautela e não representa necessariamente uma tendência para os próximos anos.
“Qualquer redução nesse índice, e qualquer vida preservada, são significativas e devem ser comemoradas. Porém, é preciso ter cautela e lembrar que as políticas que podem efetivamente reduzir a violência são políticas de longo prazo”, avalia a advogada Priscila Placha de Sá, representante da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Conselho Estadual de Segurança.
Cenário é grave
A ressalva também é feita pelo presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Paraná (Sipol), Roberto Ramires. Para ele, a diminuição no número de homicídios ainda é pífia quando levada em conta a gravidade do cenário de segurança no estado, considerado hoje, segundo a taxa de mortes, mais violento do que São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. Apesar de reconhecer que não há soluções mágicas para conter a criminalidade, o policial civil defende que a redução dos homicídios só virá com o reforço no aparelhamento da polícia, seja por meio de um acréscimo no efetivo de agentes ou na melhoria das condições de trabalho.
As estatísticas do Ministério da Saúde mostram que, apesar de ainda liderarem as mortes em números absolutos no país, São Paulo e Rio foram os únicos estados que conseguiram reduzir pela metade a ocorrência de homicídios nos últimos 15 anos.
Consequência, segundo o sociólogo e coordenador do programa de Controle de Armas da ONG Viva Rio, Antônio Rangel Bandeira, de ações que incluíram uma reforma na atuação da polícia – como o combate à corrupção nas corporações e a redução no número de mortes em confrontos –; maior controle de armas; e a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora. Estratégias que podem servir de exemplo tanto para estados do Norte e Nordeste, que encabeçam a lista dos maios violentos, quanto para o Paraná, reforça Rangel.
“É um processo demorado e difícil [a diminuição dos homicídios]. E uma das razões pelas quais os políticos não se entusiasmam muito em abraçar essa causa é porque a redução da violência só se dará mesmo a longo prazo”, opina o sociólogo.
Fonte e Info: Gazeta do Povo
09/11/2011 00:59
Texto: Rafael Waltrick
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