Violência
Em 2011, o número de assassinatos diminuiu em Curitiba, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa, mas aumentou em Maringá, Cascavel e Guarapuava
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) divulgou ontem o balanço da criminalidade no estado no ano passado. Na média geral, o número de homicídios caiu. Passou de 3.276, em 2010, para 3.085, em 2011, uma variação de 5,8%. Foi o melhor resultado desde 2008, quando 2.831 pessoas foram mortas. Apesar dos avanços gerais, algumas áreas do estado apresentam dados preocupantes: os homicídios cresceram 34% na região de Maringá e praticamente dobraram na região de Guarapuava.
A retração na taxa acontece, principalmente, pela redução da criminalidade em algumas das áreas mais violentas do Paraná. O número de assassinatos caiu significativamente em Curitiba (8%) e nas regiões de Foz do Iguaçu (20%), Ponta Grossa (27%) e Paranaguá (63%). Outras áreas importantes, como Londrina, Toledo e a Região Metropolitana de Curitiba também registraram queda.
O número de homicídios, de furtos e de roubos caiu no Paraná. Índices estão acima do aceitável
Apesar da queda, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes ainda é preocupante no Paraná. Considerando a estimativa do censo de 2011, esse índice é de 29. Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), é ainda mais alto. Incluindo a capital, a taxa é de 49 assassinatos por 100 mil habitantes. Contando apenas os outros municípios da RMC, sobe para 60. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera 10 homicídios por 100 mil habitantes o índice máximo aceitável. Ou seja: a RMC está seis vezes acima do limite tolerável.
Em números absolutos, a RMC e a capital são as duas regiões mais violentas, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp). Foram assassinadas 858 pessoas na RMC e 685 no município de Curitiba. Outras cinco regiões passam dos 100 homicídios: Cascavel (186), Foz do Iguaçu (165), Maringá (130), Londrina (127), Toledo (111) e Ponta Grossa (104).
Os dados da Sesp são apresentados a partir das Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisp), ou seja, esses dados não correspondem apenas aos municípios citados – exceto os de Curitiba. Ao todo, são 23 Aisps no estado.
Entretanto, o crescimento da violência em algumas partes do estado impediu que a redução fosse ainda mais significativa. A região que mais chamou a atenção pelo crescimento foi a de Guarapuava, onde o número de assassinatos subiu de 43 para 81 de um ano para outro – uma alta de 88%. Outra região que teve um crescimento expressivo foi a de Maringá, registrando 130 homicídios em 2011 – em 2010 foram 97.
Já a região de Cascavel se tornou a terceira mais violenta do Paraná, em números absolutos, perdendo apenas para Curitiba e região metropolitana: foram 186 homicídios em 2011, ultrapassando a vizinha Foz do Iguaçu, que reduziu o número de homicídios para 165. No ano passado, 175 pessoas foram mortas na região. Jacarezinho, Francisco Beltrão e Cornélio Procópio também apresentaram um crescimento da violência.
Para o coordenador do Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Algacir Mikalovski, o governo deve ficar atento às regiões onde o crime cresceu. “É importante que esses dados sejam analisados, para que essa queda na violência seja uniforme”, comenta.
Orçamento maior
O secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, afirma que, além de reduzir os índices de criminalidade, é importante também aumentar a percepção de segurança da população. “O que a população espera são policiais na rua, viaturas em profusão, ligar no 190 e ser bem atendida”, afirma. O secretário reforçou que, com o orçamento deste ano, será possível consolidar essa queda e fazer a população se sentir mais segura.
No orçamento de 2012 estão previstos R$ 2,2 bilhões para a área, sendo que R$ 434 milhões para investimentos. No ano passado, esse orçamento era de R$ 1,8 bilhão, R$ 214 milhões para investir na área. Ou seja: o investimento em segurança pública deve dobrar de 2011 para 2012. Almeida César cita a criação de dois novos batalhões da Polícia Militar, um deles em Colombo e o outro na Cidade Industrial de Curitiba, a criação de novas delegacias e a contratação de mais policiais como algumas das formas de reduzir a violência no estado.
Para Mikalovski, a queda na violência é fruto de uma política de articulação entre todos os órgãos envolvidos com a segurança, seja a nível federal, estadual ou municipal. “Essa política, implementada a médio prazo, começa a dar resultados agora”, afirma. Para ele, uma melhora na formação dos policiais e na confiança da população na polícia também ajudaram a deixar os índices de violência no Paraná um pouco melhores.
Furto e roubo de veículos está menor
A retração nos índices de violência no Paraná não se restringiu aos homicídios. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), houve redução também nos dados de furtos e roubos. Nos itens gerais, a queda foi de 1,6%. Já o furto e roubo de veículos baixou 7,3%. Entretanto, um dado preocupa: o índice de veículos recuperados caiu tanto em números absolutos quanto em porcentagem.
O desempenho foi melhor no interior do estado. Em Curitiba e região metropolitana, furtos e roubos cresceram 2,7%. Em 2010, foram registrados 93.092 roubos, passando para 95.673 no ano seguinte. Entretanto, a forte queda no interior melhorou os dados gerais. De 118.780 roubos em 2010, o número caiu para 112.713. Desempenho parecido foi registrado na quantidade de veículos furtados. Em Curitiba, houve um crescimento de 4% nas ocorrências – foram roubados 4.112 veículos, contra 3.826 no ano retrasado. No resto do estado, incluindo o entorno de Curitiba, esse número caiu de 11.821 para 10.046.
Uma explicação
Para o coordenador do Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Algacir Mikalovski, o crescimento da qualidade de vida da população do Paraná foi importante para reduzir os índices de furtos e roubos no estado. “A gradativa melhora dos níveis econômicos influencia na questão da criminalidade. A tendência é que ela seja reduzida”, afirma.
Apesar da queda no índice de veículos roubados, o número dos que foram recuperados caiu ainda mais. Em 2010, de 19.807 carros levados por criminosos, 12.726 foram recuperados – um índice de 64%. Já em 2011, de 18.259 roubos, apenas 10.058 foram encontrados, o que equivale a 54%.
Fonte: Gazeta do Povo
Publicado em 31/01/2012
Texto: Chico Marés
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
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