quinta-feira, 31 de março de 2011

Mutirão leva assistência em saúde às presas da cadeia pública

Detentas fizeram exames ginecológicos e dentários; além disso, receberam tratamento capilar e estético no 4º Mutirão de Solidariedade


Ao lado da primeira-dama e da vereadora, a presidente do conselho, Luciane Ferreira, abriu o mutirão


Apromoção da autoestima e da saúde feminina, como ferramenta para resgatar a cidadania das detentas, foi a marca do 4º Mutirão de Solidariedade, promovido pelo Conselho da Comunidade de Foz do Iguaçu. O evento, que remete ao Dia Internacional da Mulher (8 de março), foi realizado ontem na Cadeia Pública Laudemir Neves. Participaram da abertura do evento, além da presidente do conselho, a advogada Luciane Ferreira, a primeira-dama, Hildergard Ghisi, e a vereadora Nanci Rafain (PDT).

Durante horas, as 135 detentas puderam receber assistência em saúde — com exames Papanicolaou e das mamas; testes de triglicerídeo e glicemia; aferição de pressão arterial e orientação de higiene bucal —, jurídico e tratamento estético, com corte de cabelo, hidratação instantânea, penteado e trança. Foram ainda distribuídos kits de produtos de higiene pessoal e cestas básicas, entregues no dia anterior. Todo o trabalho é fruto de uma união de 21 entidades parceiras do conselho, entre elas a prefeitura e a Itaipu Binacional e, a cada edição, os resultados são positivos, frente à melhora da autoestima das mulheres.

"Na verdade, melhora tudo, pois quando a pessoa se sente segura, pois a saúde está segura, se sente bem melhor. E outra coisa, o fato de entregarmos a elas os kits (de higiene) e as cestas básicas, dá um conforto por uns tempos", lembrou Luciane Ferreira.

As cestas à qual se refere foram entregues na terça-feira, sendo um por cela. O repasse, contou, é uma prioridade do conselho, que, embora não tenha recursos, tenta suprir mensalmente. "Nesta unidade, o recurso financeiro para a alimentação é muito pequeno, tanto que a família ajuda, traz para elas comerem. E nossa ajuda faz com que isso se amenize, pois as famílias também têm problemas financeiros".

Apesar de ter sido realizado ontem, o mutirão não teve seus trabalhos encerrados. Como foram colhidos materiais para exames laboratoriais, os resultados serão liberados posteriormente. E caso seja detectada alguma doença, as detentas receberão os medicamentos para tratamento. "Daqui a 20 dias estaremos de volta para fazer a entrega de medicamentos, juntamente com a Secretaria da Saúde", disse Luciana.

Parceria

Outro ponto positivo do mutirão é evidenciar o número de parceiros do conselho, que demonstra engajamento e a não estigmatização das presas. Na avaliação da presidente, a sociedade enxerga atualmente o órgão com outros olhos, principalmente as instituições ao conselho, que montou uma rede com entidades afins. "Por exemplo, temos apoio principalmente do Provopar, da prefeitura e de Itaipu porque demonstramos a eles que precisávamos criar uma rede para que outras entidades se agreguem e isso aconteceu. Hoje estamos com 21 entidades".

Responsável por uma unidade que abriga 370 presos — sendo 135 mulheres — o diretor da cadeia, Leandro Sarmento dos Santos, disse ser o mutirão "louvável e benvindo". Os resultados, contou, serão observados nos próximos dias, "pois o detento quer atenção". "O Provopar tem nos ajudado muito, a prefeitura até mesmo está mandando diariamente 700 pães de soja com 700 sacos de leite. Isso tem nos ajudado muito. Sobre o andamento da cadeia não podemos reclamar, eles (os presos) têm cooperado e na medida do possível vamos levando sem violência e na base da dignidade", disse.

Interditada devido à superlotação, a cadeia pública abriga em sua maioria mulheres presas por tráfico de drogas. Muitas foram usadas como mulas. Atualmente, a unidade abriga 40 paraguaias, sendo 20 já condenadas. A meta é promover a transferência destas estrangeiras para o país vizinho.

"Estamos trabalhando de forma conjunta com o conselho nas três unidades, para concretizar um convênio firmando em 2000 pelos dois países, no sentido de traslado de pessoas condenadas a ambos os países. Estamos trabalhando com a Penitenciária Estadual 1 e já preparamos 14 pedidos de traslado, que seguiu a Brasília, pois o meio legal é o diplomático. Esperamos realizar este sonho", disse o cônsul do Paraguai em Foz, Jorge Mancuello. (Fotos: Roger Meireles/Marcos Labanca (Assessoria)


Fonte: A Gazeta do Iguaçu
Edição: 6820 - 31 de Março de 2011
Nelson Figueira - Reportagem
Fotos: Roger Meireles/Marcos Labanca



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