domingo, 4 de abril de 2010
Mutirão Carcerário já libertou 592 presos paranaenses
Em um mês de trabalho, 592 presos foram libertados no estado. A todos eles, o Estado até dá auxílio, por meio do Patronato Penitenciário. Mas há o preconceito, a dificuldade de arranjar trabalho, a necessidade de se readaptar. E há o medo de cair de novo em erro.
Elton Aparecido Bastos, 28 anos, é um dos beneficiados pelo mutirão. Elton ficou cinco meses preso por “descuido” (furto) e recebeu liberdade provisória. Foi preso duas vezes e disse que retornou por causa de más influências. “É só fazer coisas erradas e vou cair aqui de novo.” Quer ter uma nova vida, mas sabe do esforço grande pela frente. No Brasil, estima-se uma taxa de reincidência são altas (veja infográfico).
Elton pensa no filho de 7 anos, na oportunidade de trabalho como pedreiro, no término da construção da casa e, principalmente, em nunca mais decepcionar a mãe. “Minha mãe e meu irmão sempre tiveram uma vida certinha. Ela nunca tinha vindo na cadeia e quero agora dar alegria para ela”, diz.
Oportunidade
Segundo o coordenador nacional do mutirão, o juiz federal Erivaldo Ribeiro dos Santos, é preciso dar oportunidade aos egressos. Ele reconhece que isso é difícil no modelo atual, com déficit de 180 mil vagas no sistema penitenciário. “Em presídio superlotado, não se consegue fazer curso de capacitação, de educação, alfabetização e muitos presos são analfabetos funcionais.”
Porém Santos se coloca como um otimista. Ele é coordenador do Começar de Novo, do CNJ, de oportunidade de emprego a detentos. Em quatro meses, o projeto preencheu 330 vagas de trabalho em parceria com empresas e outras 344 para curso de capacitação. No Paraná, a próxima empresa a participar do programa será a Itaipu Binacional. O Departamento Penitenciário do Paraná (Depen-PR) também tem programas parecidos, de cursos profissionalizantes.
Para quem não está inserido em programas, o desafio é maior. Um ex-presidiário que prefere não se identificar conta que só recebeu uma oportunidade de emprego após falsificar o atestado de antecedentes criminais. O ex-presidiário, que ficou preso por cinco anos por roubos, reconhece que a falsificação foi um crime. “A pessoa quer sair do mundo do crime, mas não acha ninguém que abra as portas”, reclama.
Quem tem apoio vai mais longe. Quando estava na prisão, em Minas Gerais, Cleubert Gualberto de Oliveira, 32 anos, já imaginava quais crimes iria cometer voltando às ruas. Foi preso de seis a sete vezes, não sabe ao certo, e diz que decidiu mudar de vida quando foi para a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, entidade voltada para a recuperação dos presidiários, com 57 unidades pelo país. Hoje Cleubert é colaborador da associação e está cursando o quinto período de Direito. “Quando saí, tive oportunidade para voltar ao mundo do crime. Não voltei.”
Veja a matéria na íntegra: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=989212&tit=Em-busca-de-uma-nova-chance
Fonte: Gazeta do Povo
Por : Bruna Maestri Walter
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