Vida e Cidadania
Segunda-feira, 24/09/2012
Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
SUPERLOTAÇÃO
Presídios estão piores que o antigo Carandiru
O volume de presos no Brasil aumentou 74% de 2005 a 2011,
enquanto o número de vagas em penitenciárias cresceu 66% no mesmo período
A situação agravou-se de forma preocupante, segundo números do Ministério da Justiça. As vagas criadas pelo governo nos últimos anos ainda são menores do que a quantidade de pessoas que vão para trás das grades. De 2005 a 2011, o volume de presos aumentou 74% (de 294.327 para 514.582), enquanto as vagas subiram 66% (de 183.610 para 306.497).
PR tem maior taxa de presos em delegacias
Pelo menos 43 mil detentos dividem espaço em delegacias de todo o país, que, juntas, deveriam abrigar, no máximo, 11 mil presos, segundo dados do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias do Ministério da Justiça. O Paraná é o estado com situação mais grave.Reflexo direto da superlotação nos presídios (foto), o xadrez de delegacia tornou-se um paliativo. O número de presos sob responsabilidade da polícia atingiu seu ápice em 2008, com 57 mil detentos. De lá para cá houve queda, quase sempre devido a decisões judiciais que obrigaram os governos estaduais a transferir os presos para centros provisórios de detenção. O problema, porém, permanece.
O Paraná tem o maior porcentual de detentos em delegacias: 40% dos infratores estão em pequenos imóveis improvisados. A Secretaria de Segurança do estado informou que, até o fim de 2013, os presos de 29 carceragens devem ser transferidos para o sistema penitenciário.
Em menor ou maior grau, celas superlotadas multiplicam-se por todo o país. Na maioria, entram bem mais presos do que saem. Só em São Paulo, a população carcerária aumentou em 12.335 pessoas em 2011. É como se uma cidade inteira fosse parar atrás das grades, já que 75% dos municípios brasileiros têm menos de 20 mil habitantes.
Acordo
A superlotação, porém, não se reflete em rebeliões como antes. Em São Paulo, os últimos levantes ocorreram em 2006. Segundo o vice-presidente da Associação dos Juizes do Rio Grande do Sul, Eugênio Couto Terra, o silêncio das prisões é explicado por acordos que transferem aos detentos a organização carcerária. “Eles garantem a disciplina, mas os presídios viram uma grande ‘boca de fumo’”, diz J.E.S., ex-presidiário que passou por cinco penitenciárias paulistas em quatro anos e ganhou liberdade no início deste ano.
O Ministério da Justiça orienta os estados na construção de unidades penais alinhadas a critérios internacionais. Os padrões determinam que presídios de segurança média ou cadeias públicas não devam superar 800 detentos. Os presídios de segurança máxima podem ter até 300 presos e colônias agrícolas podem abrigar até 1 mil pessoas.
O governo de São Paulo informou que está em curso um plano de expansão de presídios que prevê a construção de 49 unidades com mais 39 mil vagas. O governo do Rio Grande do Sul diz que está construindo novas unidades para receber detentos do Presídio Central.
Publicado em 24/09/2012 | Agência O Globo
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