quinta-feira, 5 de abril de 2012

De volta à sociedade

Ressocializar as pessoas em privação de liberdade é uma atitude simples, mas que exige estratégia e envolvimento de todos. O sistema prisional capixaba é formado, cada vez mais, por jovens com baixa escolaridade e com pouca, ou nenhuma, qualificação profissional. Economicamente ativa, essa crescente massa está na faixa etária entre 18 e 34 anos.

Entretanto, o dado mais agravante é que em poucos anos muitos desses cidadãos que cometeram algum tipo de crime voltarão ao convívio social e enfrentarão o estigma de ser um ex-presidiário. Essa marca vai privá-los de muitas coisas, e encontrar um trabalho é apenas uma delas. Sem perspectiva, a volta ao mundo do crime é inevitável.

A criminalidade e a violência são fenômenos sociais desafiadores no mundo todo. Em função da sua complexidade, a reinserção social e produtiva das pessoas que cumprem pena e que estão em situação de vulnerabilidade é uma alternativa eficiente. Isso é uma forma de evitar seu agravamento e a reincidência criminal.

O Estado tem visto que os programas de reinserção social com maior efetividade são aqueles que investem na qualificação profissional e na recolocação do indivíduo no mercado de trabalho. Porém, somente com a união de esforços de vários órgãos governamentais e dos setores sociais e produtivos alcançaremos esse propósito. A legislação brasileira estimula parcerias garantindo ao empregador vantagens econômicas e sociais. Poucos sabem que, sobre o trabalho do preso, não incide nenhum encargo trabalhista, sendo regido unicamente por meio de convênio.

A farta mão de obra dos presídios é uma alternativa à escassez do mercado. Além disso, o empresário pode utilizar os espaços das unidades prisionais sem pagar as tarifas de água, energia elétrica e aluguel, por exemplo. A possibilidade de absorção dessa mão de obra pode acontecer também fora das unidades prisionais, e em ambos os casos são ótimas oportunidades para exercer a responsabilidade social.

No Espírito Santo, as empresas parceiras recebem do governo do Estado um selo social como reconhecimento público ao seu trabalho inclusivo. Atualmente mais de 200 empresas, de forma vanguardista, atuam no mercado empregando presos e egressos. São contabilizadas mais de 1.700 pessoas aprendendo uma profissão e resignificando suas vidas por meio de atividade digna e produtiva. Assim, por meio da educação, da profissionalização e do trabalho construímos o Estado que queremos a partir da contribuição de cada um.

Fonte: Gazetaonline

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/03/noticias/a_gazeta/opiniao/1169192-de-volta-a-sociedade.html#.T33tq92BMPI.facebook

Autora: Quésia da Cunha é diretora de Ressocialização da Sejus e integra o Projeto Ressocializar do ES em Ação

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