42% dos presos não concluíram o ensino fundamental
LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
**As constatações do Instituto de Pesquisa e
de Cultura Luiz Flávio Gomes fundadas nos dados mais atualizados do DEPEN
(Departamento Penitenciário Nacional), de dezembro de 2011, apontaram que,
de um total de 514.582 presos existentes no país, apenas
1.910 (0,37%) concluíram o ensino superior.
Dessa forma, os presos que não concluíram o
ensino fundamental continuam sendo a maioria (tal como em junho de 2011),
contabilizando 216.870 presos (ou 42% do total).
Em seguida vêm os presos com ensino
fundamental completo (59.101 presos, ou 11,5% do
total), os presos apenas alfabetizados (58.417 presos, ou
11,35%), os presos com ensino médio incompleto
(52.907, ou 10,3%), os presos com ensino médio
completo (36.353, ou 7%) e, por fim, os presos com
ensino superior incompleto (3.766, ou
0,73%).
Os outros 3,86% não informaram a
escolaridade.
Assim, 75% dos presos não possuem o Ensino Médio
completo, bem como que apenas uma ínfima minoria dos detentos possui Ensino
Superior. Um prova de que o aprisionamento e a criminalidade
atingem com muito mais brutalidade aqueles que possuem menos instrução no
país.
Pesquisas anteriores, inclusive, baseadas nos
números do DATASUS
(Ministério da Saúde) e do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), demonstraram que os mais
pobres e menos estudados são as maiores vítimas de homicídio e agressões no país
(Veja: Homicídios
atingem preponderantemente solteiros e baixa escolaridade e Os mais
pobres são os mais agredidos).
E se as chances são ínfimas nas ruas, nas prisões
elas são ainda menores. O Mutirão
Carcerário realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
por todo o país, entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, relatou que, por falta
de estrutura e investimentos estatais, apesar de previsto em lei, as
oportunidades de estudar nos presídios são mínimas e precárias.
Casos levados à mídia, como o da detenta de 26
anos, que apesar de ter cursado o ensino médio enquanto cumpria sua pena não
conseguiu ter acesso ao seu diploma (Folha.com),
evidenciam isso, e demonstram que o descaso com que é levado sistema prisional
brasileiro contribui não para regenerar ou educar, mas para deteriorar e
desesperançar ainda mais o indivíduo.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da
Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz
Flávio Gomes e co-diretor da LivroeNet. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983),
Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me no facebook.com/professorLFG, no
blogdolfg.com.br, no twitter:
@professorLFG e no YouTube.com/professorLFG.
** Colaborou: Mariana Cury Bunduky – Advogada e
Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.
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