Crimes contra a pessoa: 18% das prisões
LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
**Dentre as 514.582 pessoas presas no
país, 335.696 (ou 68%) encontram-se tipificadas no
Código Penal, segundo os levantamentos realizados pelo Instituto de Pesquisa e
de Cultura Luiz Flávio Gomes, agora denominado Instituto Avante Brasil,
a partir dos números do DEPEN
– Departamento Penitenciário Nacional, de dezembro de 2011.
Deste montante, 71,6% são
fundadas em crimes contra o
patrimônio, (Veja: Crimes patrimoniais: 71,6% das prisões no
Brasil). Em seguida, estão os crimes contra a pessoa, que
totalizam 60.592 delitos, representando 18% dos delitos
tipificados no Código Penal, divididos em homicídio simples (26.968),
homicídio qualificado (32.101) e sequestro e cárcere privado (1.523).
Assim, violência, mortes e aprisionamentos são uma constante no país, porém, o crescimento dos últimos não é capaz de conter a ocorrência dos primeiros. Pelo contrário, a superlotação e a condição de vida degradante dos presídios contribui ainda mais para a proliferação da violência e da barbárie (Veja: Brasil: campeão mundial em crescimento prisional, em homicídios… e Brasil: quanto mais presos, mais crimes).
Exemplo disso é o que ocorre no
Maranhão, onde, segundo o Mutirão
Carcerário realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
entre 2010 e 2011, os presos vivem em rixa e, durante as rebeliões, ocorrem
diversas mortes e decapitações, sendo as cabeças dos detentos expostas nas
grades das celas.
Mais uma evidência de que a punição massiva e
desumana, sobretudo para os que já são marginalizados e discriminados
socialmente não é o caminho para a contenção de todo essa mortandade. Mas,
melhores políticas sociais, aliadas a verdadeiras medidas de prevenção, podem
sim viabilizar a diminuição da ocorrência de muitas dessas mortes e, por
consequência, de novas prisões.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da
Rede de Ensino LFG. Codiretor do Instituto Avante Brasil e do
atualidadesdodireito.com.br. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de
Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me nas redes sociais: www.professorlfg.com.br
** Colaborou: Mariana Cury Bunduky – Advogada e
Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes
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