Governo brasileiro responde relatório da ONU sobre
tortura
Entre os dias 19 e 30 de setembro de
2011, delegação do Subcomitê de Prevenção da Tortura das Nações Unidas (SPT)
realizou visita a 23 locais de privação de liberdade - delegacias, casas de
detenção, penitenciárias, institutos socioeducativos e clínicas de tratamento de
dependentes químicos - nos estados do Espírito Santo, de Goiás, do Rio de
Janeiro e de São Paulo.
A resposta brasileira ao relatório – publicado
nesta quinta-feira (14/6) – será encaminhada em 8 de agosto. Pelo governo
federal, analisam as recomendações e trabalham nas respostas a Secretaria de
Direitos Humanos, a Casa Civil, o Ministério da Justiça, o Ministério da Saúde,
o Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Políticas para as
Mulheres. A resposta brasileira contemplará ainda informações prestadas pelos
Estados.
Seguem abaixo as medidas adotadas pelo Ministério da Justiça por
meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) sobre os pontos levantados
pelo relatório da ONU.
Construção de Vagas – Para
diminuir o déficit carcerário e melhorar as condições dos presos, o Ministério
da Justiça lançou, em novembro de 2011, o Programa Nacional de Apoio ao Sistema
Prisional, cujas metas são eliminar o déficit de vagas em estabelecimentos
prisionais femininos e reduzir o número de presos em delegacias. Será investido
R$ 1,1 bilhão até 2014 para a criação de 42 mil novas vagas.
Na mesma
ação, foram lançadas em 2011, pelo Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária (CNPCP), novas diretrizes para a Arquitetura Prisional para
atender aos padrões internacionais nos projetos de construção, ampliação e
reforma dos estabelecimentos prisionais que utilizarem recursos do Fundo
Penitenciário Nacional (Funpen).
Tratamento Prisional –
O Ministério da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos propuseram em 2011 o
Projeto de Lei nº 2.442, que institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate
à Tortura um mecanismo para detectar possíveis casos de tortura no sistema
prisional brasileiro e possibilitar o enfrentamento mais efetivo deste problema.
O Projeto de Lei tramita na Câmara dos Deputados.
Para promover o
controle e acompanhamento de possíveis casos de tortura ou maus-tratos nos
sistemas penitenciários das Unidades Federativas, o Ministério da Justiça
executa a política de instalação e aparelhamento das Ouvidorias Estaduais do
Sistema Penitenciário.
Serão repassados R$ 280 mil para a aquisição de
equipamentos para as ouvidorias em funcionamento em onze estados (Alagoas,
Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, São Paulo e Paraíba). O Depen também vai implementar até o
final de 2012, dentro das ouvidorias, um sistema informatizado para o
monitoramento e acompanhamento de denúncias relacionadas ao sistema
penitenciário brasileiro.
Para fomentar, junto aos estados, a melhoria no
tratamento prisional, o Depen implementará as Escolas de Gestão Penitenciária
nos estados de Alagoas, Maranhão, Mato Grosso e Roraima, as Unidades Federativas
que ainda não contam com estes centros de excelência em capacitação em serviços
penitenciários. O MJ também promoverá cursos à distância por meio de uma rede
própria, a Depen.NET para proporcionar formação continuada (em direitos humanos,
inclusive) aos servidores da execução penal.
Saúde – Por
meio do Plano Nacional de Saúde no Sistema Prisional, os ministérios da Justiça
e da Saúde têm por meta cobrir nos próximos anos 100% da população prisional nas
ações e programas de saúde do governo federal. Até o final de 2012, a vacina
contra a influenza A estará disponível à população carcerária do
Brasil.
Desde 2006, o Depen aparelhou 258 unidades estaduais de saúde em
estabelecimentos prisionais. Além disso, até o final de 2012, todas as unidades
federativas terão recebido ao menos um centro de referência materno-infantil
para dar assistência às gestantes, parturientes (mulheres que estão prestes a
dar a luz ou que deram a luz recentemente) e nutrizes (mulheres que amamentam)
encarceradas e também aos seus filhos. Atualmente, sete estados já possuem os
centros de referência e os demais estados receberão recurso para implantação até
o final do ano.
Para prevenir e tratar doenças serão distribuídos em
parceria com o Ministério da Saúde remédios e itens de higiene para a população
carcerária brasileira.
Mulheres encarceradas – Em 2011,
foi lançado pelo Depen o projeto de efetivação dos direitos das mulheres no
sistema penal com o objetivo de elaborar políticas voltadas para a população
carcerária feminina e filhos de mulheres presas.
Em parceria com o
Ministério da Saúde, o Ministério da Justiça está incluindo todas as mulheres
presas gestantes, parturientes e nutrizes e filhos até a idade de dois anos no
programa Rede Cegonha, estratégia do Sistema Único de Saúde para fortalecer, por
meio de diversas ações integradas, a humanização e assistência a mães e
recém-nascidos.
Fiscalização e Monitoramento – Por meio
do Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias (CNPCP), o
Ministério da Justiça realiza inspeções periódicas em estabelecimentos penais do
país e elabora recomendações às autoridades competentes para o aprimoramento
destas unidades.
Além disso, o Depen monitora in loco a execução dos
convênios firmados com os estados para a manutenção, aperfeiçoamento e
especialização de serviços penitenciários, aquisição de material, equipamentos,
veículos, formação e ressocialização,
essencialmente.
Alternativas Penais – O Sistema
Brasileiro de Penas e Medidas Alternativas teve seu modelo reconhecido pela
Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das melhores práticas para redução
da superlotação carcerária no mundo. O Depen empenha esforços para fomentar a
adoção de alternativas à prisão, especificamente para os delitos de menor
gravidade.
Com a instalação do Programa Nacional de Penas e Medidas
Alternativas em 2000 e a criação da Central Nacional de Apoio e Acompanhamento
às Penas e Medidas Alternativas (Cenapa), o Ministério da Justiça contribuiu
para que mais de 600 mil medidas fossem executadas no Brasil.
Em dezembro
de 2011, foi criada, no âmbito do Ministério da Justiça, a Estratégia Nacional
de Alternativas Penais (Enape), cujo objetivo é fomentar a política e a criação
de estruturas de acompanhamento à execução das alternativas penais nos estados e
municípios.
Em 2012, o ministério abriu aos estados e poder judiciário
uma linha de crédito de R$ 4,2 milhões para implantar Núcleos de Acompanhamento
das Penas e Medidas Alternativas e Núcleos de Defesa dos Presos Provisórios. Os
recursos serão repassados até o final de 2012.
Educação
– O Plano Estratégico de Educação no Sistema Prisional (PEESP) foi criado em
2011 para ampliar as matrículas e qualificar a oferta de educação nas prisões.
Outra iniciativa do Ministério da Justiça, em conjunto com o Ministério da
Educação, é a redução do analfabetismo no ambiente prisional, incluindo
efetivamente os presos no programa Brasil Alfabetizado.
Fonte: MJ
sexta-feira, 15 de junho de 2012
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