Alagoas: prisões ilegais e 62% de presos provisórios.
LUIZ FLÁVIO GOMES
(@professorLFG)*
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
O Mutirão Carcerário, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
entre 2010 e 2011, por meio de fiscalizações realizadas por seus magistrados,
identificou todas as irregularidades existentes nos estabelecimentos penais de
cada estado do país.
O estado nordestino do Alagoas, por exemplo, apesar
de apresentar a 4ª menor taxa de encarceramentos no país, 114,76 presos
a cada 100 mil habitantes (conforme as análises do Instituto de
Pesquisa e de Cultura Luiz Flávio Gomes, baseadas nos números do DEPEN
– Departamento Penitenciário Nacional), possui inúmeras barbáries.
De acordo com Relatório
do Mutirão 2010/2011, os maiores problemas enfrentados pelo estado são
as prisões ilegais ou
excessivas e o alto número de presos provisórios, em razão de um
judiciário extremamente moroso e desorganizado.
Em Alagoas, 62% dos detentos são
provisórios, ou seja, ainda aguardam julgamento definitivo. No
Presídio Feminino de Santa Luzia, em Maceió, a situação é ainda mais grave:
70% das detentas esperam por julgamento.
Em Baldomero Cavalcante, há poucos
agentes penitenciários e o dobro de detentos em relação à capacidade do
local. O número de presos provisórios chega a 50% do
total. Em 2009, ocorreram nove mortes no presídio e,
ainda, foram encontrados 100 celulares na unidade, um caos
humano e total contrariedade à lei.
No final do ano de 2010, um detento, condenado em
2007, encontrava-se preso um ano, seis meses e 21 dias a mais do que a
pena fixada na sentença, situação que, além de desumana e ilegal,
acarretou um desperdiço de R$ 30.000,00 aos cofres públicos, pelo excesso de
tempo que o manteve preso. E sem contar, obviamente, a ação civil indenizatória,
que é claramente cabível.
Em todo o estado do Alagoas, há um déficit de
mais de 600 vagas nos presídios e penitenciárias e, dada a superlotação e
ausência de estrutura adequada, a Vara de Execuções Penais de Maceió
colocou em prisão domiciliar todos os presos do regime
semiaberto.
Dessa forma, no estado alagoense, não apenas os
detentos mas toda a sociedade arca com os prejuízos do descaso e esquecimento do
sistema penitenciário. Arca com os prejuízos e, em grande parte, também é
responsável por esse descalabro.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da
Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz
Flávio Gomes e co-diretor da LivroeNet. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983),
Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me no facebook.com/professorLFG, no
blogdolfg.com.br, no twitter:
@professorLFG e no YouTube.com/professorLFG.
**Advogada e Pesquisadora do Instituto de
Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes
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