Presos provisórios cresceram quase 1000% em 21 anos
LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
**De acordo com os levantamentos do Instituto
de Pesquisa e de Cultura Luiz Flávio Gomes, baseados nos dados do DEPEN
(Departamento Penitenciário Nacional), ao alcançar 514.582
presos em dezembro de 2011, houve um crescimento de 472% em sua
população carcerária nos últimos 21 anos (já que em 1990 possuía 90 mil
presos).
Nesse lapso temporal, o número de presos
definitivos cresceu 362%, atingindo uma população 4,6
vezes maior do que há 21 anos, enquanto que o número de presos
provisórios cresceu
973%, alcançando uma população de 173.818
presos, montante onze
vezes maior do que o existente em 1990 (16.200 presos).
O crescimento no número de presos
provisórios superou em quase três vezes o aumento de presos
definitivos!
Frise-se, ainda, que em apenas seis meses (entre
junho e dezembro de 2011), houve um crescimento de 1% no número
de presos
provisórios, (que passaram a representar 34% dos presos do
país), enquanto o número
total de presos do país cresceu apenas 0,15%.
Por isso, é coerente afirmar que o
crescimento no número de presos no Brasil tem como um de seus incentivadores o
crescimento no número de seus presos provisórios (ou seja, de acusados
ainda não condenados, de acusados presumidos inocentes).
Sendo assim, a análise da legalidade, necessidade
e durabilidade de prisões que antecedem a condenação, se mostra de vital
importância para o desafogamento do sistema penal, sobretudo em um país onde o
cenário carcerário é de superlotação, insalubridade e de criminalidade mais ou
menos organizada. Os juízes acham-se pressionados pelo populismo penal midiático
e já não oferecem (praticamente) nenhuma resistência à política de
encarceramento massivo, dos mesmos, que não passam de clones do padrão
estereotipado de delinquente prisionável.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da
Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz
Flávio Gomes e co-diretor da LivroeNet. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983),
Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me no facebook.com/professorLFG, no
blogdolfg.com.br, no twitter:
@professorLFG e no YouTube.com/professorLFG.
**Colaborou Mariana Cury Bunduky – Advogada e
Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.
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