Resultados do mutirão do CNJ: Acre, o estado mais encarcerador do país
LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
O último Mutirão Carcerário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
realizado entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, por meio de inspeções
pessoais feitas por magistrados, traz dados e resultados revoltantes,
verdadeiros universos de insalubridade e desumanidade no Sistema Penitenciário
Brasileiro (Relatório
do Mutirão 2010/2011).
Seus levantamentos confirmaram as constatações
feitas pelo Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes (IPC-LFG),
baseadas nos números do DEPEN
(Departamento Penitenciário Nacional), de junho de 2011: O Acre é o
estado mais encarcerador do país a cada 100 mil habitantes (Veja: Acre é
o estado mais encarcerador do país).
O estado possui 537,81 presos
para cada 100 mil habitantes, ou seja, com uma população total de
732.793 habitantes, 3.941 pessoas estão presas (dados do DEPEN de junho de
2011).
Localizado na região amazônica, onde o calor
escaldante é uma das agravantes da superlotação de seus estabelecimentos, o
estado possui celas escuras, sujas e mal ventiladas. Um dos estabelecimentos, o
Complexo Penitenciário Francisco D´Oliveira, em Rio Branco, ainda padece da
falta de água.
De acordo com o Relatório
do Mutirão, para agravar ainda mais esse cenário de caos, no âmbito jurídico
muitas decisões executórias são tomadas ilegalmente. Há casos de detentos que
tiveram suas penas aumentadas sem qualquer fundamento; outros, quando
progrediram para o regime aberto, foram obrigados a prestar serviços à
comunidade, sem que isto constasse de suas sentenças ou da lei.
Assim, o estado com maior número de presos a cada
100 mil habitantes do país é também o responsável pela manutenção de presos em
condições sub-humanas e degradantes. Com bem disse Zaffaroni, “o panorama
penitenciário da América Latina é obscuro. A privação da liberdade é como uma
pena de morte”. Nossas penitenciárias primeiro se transformaram em campos de
concentração e, agora, em campos de extermínio. Se o nível de civilização de uma
nação se mede pelo grau de respeito aos direitos humanos, dos réus e das
vítimas, parece não haver dúvida que vivemos numa barbárie.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da
Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz
Flávio Gomes e co-diretor da LivroeNet. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983),
Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me no facebook.com/professorLFG, no
blogdolfg.com.br, no twitter:
@professorLFG e no YouTube.com/professorLFG.
**Advogada e Pesquisadora do Instituto de
Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes
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