Resultados do Mutirão 2010/2011: Região Sul, presos sem defesa, superlotação e facções criminosas no controle
LUIZ FLÁVIO GOMES (@professorLFG)*
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
Durante as inspeções realizadas pelo
Mutirão Carcerário na Região Sul (entre janeiro de 2010 e
janeiro de 2011), os juízes corregedores do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se
depararam com realidades paradoxais: de prisões modelos à superlotação, ausência
de defesa técnica pública e domínio de facções criminosas (Veja o Relatório
do Mutirão).
No Paraná, por exemplo, existem
unidades de padrão internacional, seguras, espaçosas, organizadas e eficientes.
Ao mesmo tempo, contudo, prisões precárias são mantidas, como a de Ponta Grossa,
onde o número de presos supera em seis vezes o número de vagas,
ou a de Curitiba, onde os detentos tomam banho de torneira, recebem
comida azeda, dormem juntos para se protegerem do frio e coam café em suas
meias.
Já no Rio Grande do Sul, com a
anuência do Estado, a maioria das unidades penais são dominadas por
quatro facções criminosas, às quais os presos são obrigados a se filiar para
poderem receber a concessão de seus benefícios penais, complemento de
alimentação, drogas e auxílios para suas famílias.
Finalmente, em Santa Catarina, não
há Defensoria Pública, o que prejudica a situação processual dos acusados
desprovidos de condições financeiras. Os estabelecimentos prisionais, por sua
vez, são precários e inseguros, carecendo de agentes penitenciários, alimentos e
água potável. Não bastasse isso tudo, os detentos relataram
sofrerem tortura física e psicológica.
Dessa forma, no sistema penitenciário da Região
Sul, o cerceamento de uma defesa digna aos acusados e a insalubridade dos
estabelecimentos são apenas exemplos das mazelas do sistema e refletem a
deficiência, o descaso e o descontrole estatal.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da
Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz
Flávio Gomes e co-diretor da LivroeNet. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983),
Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me no facebook.com/professorLFG, no
blogdolfg.com.br, no twitter:
@professorLFG e no YouTube.com/professorLFG.
**Advogada e Pesquisadora do Instituto de
Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.
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