Espírito Santo: afronta aos direitos humanos dos presos
LUIZ FLÁVIO GOMES
(@professorLFG)*
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
Pesquisadora: Mariana Cury Bunduky**
O Espírito Santo possui uma taxa de
368,55 presos a cada 100 mil habitantes, que o coloca
em 8º lugar dentre os estados
mais encarceradores do país (constatações do Instituto de
Pesquisa e de Cultura Luiz Flávio Gomes, baseadas nos números do DEPEN
– Departamento Penitenciário Nacional, de junho de 2011).
As condições sub-humanas dos estabelecimentos do
estado, que mantinha seus presos enjaulados em celas metálicas, sem ventilação,
ensejaram uma denúncia contra o Brasil na Comissão Interamericana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Por isso, no Mutirão Carcerário realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2009, foram dadas ao estado diversas recomendações. E, em razão do cumprimento de muitas delas, o cenário encontrado pelo Mutirão seguinte, realizado entre 2010 e 2011, foi mais ameno, mas longe de satisfatório.
De acordo com Relatório
do Mutirão 2010/2011, cumprindo tais orientações, o estado desativou o
Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cariacica, que mantinha os presos
alojados em um contêiner superlotado e com precárias condições de
higiene, e os transferiu para outras unidades.
Do mesmo modo, celas metálicas da Penitenciária
Feminina de Tucum, que abrigavam presas em regime semiaberto, foram desativadas
e transformadas em depósitos de materiais de
consumo do estabelecimento.
No final de 2010, carceragens de delegacias e
departamentos de polícia judiciária em condições horrendas também foram
desativadas. No lugar, foram construídas 26 novas unidades e criadas 10.512
novas vagas. Nos novos estabelecimentos, os presos não têm nenhum acesso a
drogas ou celulares, o que é um grande exemplo para as demais prisões do
país.
Contudo, o sistema carcerário do estado ainda
padece de problemas. Um deles é a superlotação. Em uma das
unidades, 470 mulheres dividiam um espaço planejado para 140.
Junto com elas, havia aos menos 17 crianças, que disputavam espaço com
suas mães e as outras presas.
E três presídios do estado ainda
mantinham seus presos em celas metálicas, sendo todos desativados pelo
Mutirão.
Assim, embora as modificações incorporadas no
Sistema Penitenciário do Espírito Santo tenham surtido efeitos positivos, ainda
não há motivos para comemorar. Inúmeras são os problemas existentes neste
estado, assim como nas demais unidades federativas na nação. Daí o papel
fundamental dos mutirões carcerários. Com suas conclusões e apontamentos sobre
as deficiências de cada sistema, demonstram aos estados quais devem ser seus
principais pontos de atuação.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da
Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz
Flávio Gomes e co-diretor da LivroeNet. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983),
Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Siga-me no facebook.com/professorLFG, no
blogdolfg.com.br, no twitter:
@professorLFG e no YouTube.com/professorLFG.
**Advogada e Pesquisadora do Instituto de
Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes.
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